sábado, 23 de fevereiro de 2008

Noite de sábado

PEDIDO

Ah, viver nas alturas, deixai-me!
Que minha cura está nas nuvens, sob teus olhos,
E a mistura do bem e do mal já não me apavora.

Ah, deixai-me ser uma mulher que voa!
Não é à toa que vim parar aqui, e as pessoas
São feitas de mármore antigo, e não vão embora.

Deixai-me sonhar sempre, e chorar sempre
Nas tardes de domingo, sem hora para parar
Até eu chegar a todas as lágrimas de outrora.

Ah, deixai-me falar de novo a palavra “outrora”!
Deixai-me ser antiga, e, como dizia meu pai, do "tempo zorra",
Longe dos calendários, a somar frases que saíram da moda.

Deixai-me viver a dor, a solidão, o amor!
Não quero nenhuma instrução, a noite já está lá fora...
Noite de sábado, com ares frios de professora.



Este poema vai em homenagem a Mônica Menezes - que criou para mim os epítetos "Mulher que voa" e "mulher das alturas".

5 comentários:

Anônimo disse...

Mulher alada (há esse também), obrigada pela homenagem. E continue voando bem alto. Beijos.

Anônimo disse...

lindo

Anônimo disse...

Fosse seu oráculo, diria: abra a pasta, liberte os poemas, a vida assim será mais leve, número 10, com louvor. Agradeço a beleza que espalha, abr. (carlos)

Carlos Rafael Dias disse...

ah palavras altaneiras
Que voam, voam
Mas, mesmo incansáveis, pousam
em grandes galhos
No piso, no asfalto
Nos fios de alta tensão
Palavras que elevam
E nos levam também
Pra viver nas alturas
Dessa alada canção

Senhorita B. disse...

Beleza pura.
bjs