segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Maísa


O poema abaixo, de Manuel Bandeira*, é em homenagem à Menina da Ilha.

MAÍSA

Um dia pensei um poema para Maísa
"Maísa não é isso
Maísa não é aquilo
Como e então que Maísa me comove me sacode me bulerversa me hipnotiza?

Muito simplesmente
Maísa não é isso mas Maísa tem aquilo
Maísa não é aquilo mas Maísa tem isto
Os olhos de Maísa são dois não sei quê dois não sei como diga dois Oceanos
Não-Pacíficos
A boca de Maísa é isto isso e aquilo
Quem fala mais em Maísa a boca ou ou os olhos?
Os olhos e a boca de Maísa se entendem os olhos dizem uma coisa e a boca
de Maísa se condói se contrai se contorce como a ostra viva em que se pingou uma gota de limão.
A boca de Maísa escanteia e os olhos de Maísa ficam sérios meu Deus como
os olhos de Maísa podem ser sérios e como
a boca de Maísa pode ser amarga!
Boca da noite (mas de repente alvorece num sorriso infantil inefável)"
Cacei imagens delirantes
Maísa podia não gostar
Cassei o poema.

Maísa reapareceu depois de longa ausência
Maísa emagreceu
Está melhor assim?
Nem melhor nem pior
Maísa não é um corpo
Maísa são dois olhos e uma boca

Essa é a Maísa da televisão
A Maísa que canta
A outra eu não conheço não
Não conheço de todo
Mas mando um beijo para ela.


*BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Record, s/d, p. 257.
Imagem:www.google.com.br

2 comentários:

Muadiê Maria disse...

uau!

Anônimo disse...

Grande Bandeira.
Quando fui a Maricá poucos meses depois da morte de Maysa senti uma emoção tão forte... parecia que ela estava passeando na praia comigo. Gosto muito muito de Maysa.