NOTÍCIA
Não mais sabemos do barco
mas há sempre um náufrago:
um que sobrevive
ao barco e a si mesmo
para talhar na rocha
a solidão.
FALA
Tudo
será difícil de dizer:
a palavra real
nunca é suave.
Tudo será duro:
luz impiedosa
excessiva vivência
consciência demais do ser.
Tudo será
capaz de ferir. Será
agressivamente real.
Tão real que nos despedaça.
Não há piedade nos signos
e nem no amor: o ser
é excessivamente lúcido
e a palavra é densa e nos fere.
(Toda palavra é crueldade.)
A ESTRELA PRÓXIMA
A poesia é
impossível
o amor é mais
que impossível
a vida, a morte loucamente
impossíveis.
Só a estrela, só a
estrela
existe
- só existe o impossível.
*Poemas extraídos da bela edição Orides Fontela - Poesia reunida [1969-1996]. São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006.
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3 comentários:
a bela e implacável
postagem da aeronauta
implacavelmente bela
Que nos arrasta
Belos poemas, Aeronauta. Sempre gostei de Orides. O tempo lapida a pedra da poesia. Bjs
Kátia, já lhe escrevi dois emails e voltaram. Mando comentários para o seu blog e não são editados. Tento por aqui fazer contato: o endereço é o mesmo, tá?
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