quarta-feira, 25 de junho de 2008
Com chapéu e vestido azul
Não, não é tempo de ler Hilda Hilst e seus poemas devotos. Não é tempo de ler poemas de amor. É o tempo em que as rosas secas, esturricadas, enchem a casa de um perfume adulterado, intenso, dolorido. E tudo que é tocado parece que vai desmanchar: paredes mal se equilibram, armários evaporam, comidas estragam. É tempo sim, de tentar ouvir silêncios, notas soltas no espaço invisível. E que se ouça essa música profunda, muda, em paz. E que nesse concerto do acolhimento dos males, da costura lírica dos vazios, eu me arrume para a festa dos séculos: com chapéu e vestido azul, metros e metros de véu, sapatilhas de outra cor, eu me inaugure para o mundo, para a morte, para, novamente, amor.
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Um comentário:
É essa vida que teima
E essa noite que queima
Papéis de bombom
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