quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Desvario

O que fazer? Fugir dos retratos, como fazia quando era criança? Encher a pança, até explodir? Matar o primeiro que surgir na esquina, com uma faca de cortar bolo? Pegar uma briga boa com uma amiga da onça e arrancar-lhe os cabelos? Dar uma unhada no braço de um menino azedo? Encher essa casa vazia de formiga e barata voadora? Pegar um ônibus e ir parar no fim do mundo? O que fazer? O que fazer? Vocês nunca tiveram um comichão desses? Uma vontade de esgoelar versos sem sentido, para que a vida acuda? Uma vontade surda de sair doida pela avenida cortando canela de gente? Uma vontade de, com uma tala de fósforo, ajudar o mundo a acabar em fogo?

13 comentários:

Anônimo disse...

Êta doidera que me fez voltar a sorrir. Beijos. M.

Anônimo disse...

Escrever um devastador poema. E depois, com ele, botar fogo no mundo. Pelo menos no mundo das pessoas sem graça, que se acham felizes. Abr. (carlos)

Vivz disse...

Essas vontades também são minhas quase que a todo momento. Beijocas.

Flor do Mel disse...

Obrigada pelo apoio... ainda estou na parte mórbida do diário. Logo contarei as boas notícias! Continue acompanhando... essa é a melhor de todas as terapias! Sou fã do seu blog e dos seus textos.
Boa noite
Bjos

Lua O. disse...

E depois dizer: o último que sair apague a luz.

- Luli Facciolla - disse...

Aff... a mulher danou-se a escrever!

Me afastei um diazinho e recebo uma chuva de coisas assim, caídas dos céus de Aeronauta!
Coisa boa!!! Deve ser bom sinal... Chuva é sempre sinal de colheita!

Beijos, querida!

Ulisses disse...

Sem os olhos do leitor, o texto ficcional está natimorto, já que ao captar os riscos no papel, a visão sela o hiato entre o parto e o choro que denuncia a vida, por isso esse sujeito, o leitor, mais que um decodificador de informações, em sua ousadia, é quase um co-autor do texto... Como meus olhos míopes escrevem como querem os textos alheios que lê, sigo errante pelas páginas dos outros que me conferem dor ou prazer ou os dois, recusando-me ao mesmo tempo, ao esforço de ler determinados textos, por suspeita de que a visão também se gasta, principalmente a minha com uma miopia tão avançada, por isso guardo-a para que tenha a convicção que estou fazendo um bom uso... E é aí que entra o danado do cânone: depois de uma manhã de peripécias amorosas com minha companheira, o lastro da cama se partiu e a partir daí instalou-se uma guerra entre mim e ela, pois que livros usaríamos como suporte para a cama? Entre livros de resumos de Congressos e gritos de - Esse não! -De jeito nenhum! –Se usar esse vai ter divórcio! E entre risos nossos e zumbidos e rangidos da cama que parecia sombriamente também rir, chegamos a um consenso e pomos a última obra que a partir daquele dia passou a fazer parte de nosso “cânone” amoroso, afinal através de nossos corpos leitores talvez consigamos após noites e dias imprimir um pouco de lirismo àquelas páginas áridas cuja poesia já estava há muito perdida.

Kátia Borges disse...

"Escrever um devastador poema. E depois, com ele, botar fogo no mundo". Concordo com Carlos Barbosa!

Janaina Amado disse...

O meu desvario é um grito, fundo como o mundo.
Lindo o texto do rio.

Anônimo disse...

Oh, aeronauta,que identificação... Penso que criaturas sensíveis à vida, que refletem sobre as coisas mesmas assim como são, padecem dessa aflição a maior parte da sua existência. Ao menos, é assim que me sinto, mas sabe, eu gosto. Aproveito horrores das minhas dores e das do mundo, choro e riu muito com elas. Beijo

Bernardo Guimarães disse...

Tenho, sim, desejos quase inconfessáveis de acabar com tudo e todos, mas não vale a pena, melhor não...

aeronauta disse...

M.: Bom você voltar a rir, e com essa loucura braba.
Carlos: você é um exímio médico de almas: sabe tudo.
Personagem: sei de sua cumplicidade nessas dores do mundo.
Flor do mel: estou torcendo por você!
Luana Oliva: esse seu desfecho foi ótimo.
Luli: pois é: em alguns dias há muito texto, em outros dias...
Ulisses: você e Penélope precisam dizer qual foi esse tal livro que escorou a cama! Aguardo o nome!(Adorei o preâmbulo todo!)
Kátia: É sempre bom ter sua visita!
Janaína: Obrigada pelas palavras.
Mônica: que surpresa você aqui! Adoro receber suas visitas inesperadas!E sempre tão lúcidas!
Bernardo: Suas reticências denunciam uma dúvida sobre acabar ou não. Bjos.

Anônimo disse...

Eu muitas vezes falo q to com preguica d viver eh bem diferente disso q pra mim eh viver ao extremo...