Clarice Lispector
atormentada, perturbada, criatura com um lago fundo e traiçoeiro dentro de si,
conhecedora do escuro mais escuro da noite... Penso como terá sido sua passagem
definitiva para o mundo dos estranhos, lugar onde ela pertencia por total merecimento.
Como terá sido, pois, a morte de Clarice? E a morte de Quintana? A de Quintana
deve ter sido suave, ele pegando a mão de um anjo que lhe chamava de uma nuvem
fofíssima, como nunca haverá nesse mundo almofada que se assemelhe. A de
Cecília Meireles deve ter sido cantando, cantando, pois que essa mulher cantou
a vida inteira, no meio das perdas e dos abandonos. Atravessou, portanto, a
linha tênue entre morte e vida entoando sua canção eleita, aquela que sempre
falou de nuvem e de mundo, de meninos vistos na Índia, na Holanda, enfim em
todos os lugares que passou.
E a morte de Kafka? E a morte de Kafka?...
E a morte de Kafka? E a morte de Kafka?...
Um comentário:
Terá sido Kafka condenado à morte em um processo?
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