Terminei agorinha cedo o livro. Faltavam tão somente quatro páginas. Que devorei antes do café. Volto a dizer: livro primoroso. E que me levou a pensar muitas coisas, inclusive sobre minha relação com a literatura. Duas coisas, acredito, me levaram à literatura, desde menina: primeiro, a curiosidade: ali dentro daquele livro fechado, e com um título na capa, tem coisas... deixa eu ir lá descobrir; segundo, a força que a literatura tem de nos fazer crédulos. Eu que sempre fui crédula, desde que vim ao mundo, percorrendo as páginas dos romances e poemas mais crédula fiquei. Foi na pós-graduação, incrível, que primeiro ouvi a ratificação dessa minha fé inabalável em todas as palavras escritas. Ouvi aquela famosa frase teórica na qual se corrobora que quando lemos literatura há "a suspensão da incredulidade". Pois bem: eu estava certa, eu estava certa, desde sempre, foi isso que pensei, e que eu já sabia, claro, desde os seis anos, quando li Chapeuzinho Vermelho. Ora, pois, o que quero dizer agora? É que acreditei em tudo que vocês, Bernardo e Judith, contaram. Ainda briguei com minha irmã no telefone, dizendo: foi verdade, sim. E ela: menina, como é que ocorreu um crime no Tribunal, em 1999, e ninguém soube! E eu: tudo pode. Não, eu não podia deixar minha credulidade de lado. Na verdade, o interessante é não saber onde a chamada "verdade" termina e a mal-falada "mentira" começa. Isso é que é interessante e que nos faz pactuar com a literatura. Vocês dois estão lá como autores e personagens. Surgem outros personagens que já conheço, virtualmente: Maria Sampaio, Mena, Verinha e suas filhas (Meu Deus, quer dizer que Maria Sampaio rouba santos de igrejas? Que maravilha!). São personagens absolutamente reais, críveis. Por isso acredito que Cirço existiu mesmo. E morreu nas salas do Tribunal. E Judite o encontrou em estado abjeto de decomposição. E daí o livro nasceu; e os dois grandes autores-detetives. Rindo da morte e da vida, como poucos sabem rir. Vocês são embusteiros, "mentirosos", que sabem tudo sobre o mundo e a literatura.
É verdade e dou fé.
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14 comentários:
Ô, Nautita, tô mesmo sumida. É que, ensaiando uma analogia, corri uma maratona e agora a preguiça não me permite levantar da cama.
Saudades tb. Beijão. :)
Aero, se eu estivesse de ler... ia reler morte abjeta AGORA. A única coisa que me entristece quando faço químio é tirar minha concentração para leitura. Só consigo ler mal e porcamente o jornal.
Desta vez vou deixar meu comentário antes de Bernardo, para não me "contaminar" e até amedrontar, com as coisas lindas que ele sempre escreve.
Fica difícil falar de um livro que não nasceu para ser livro, e de uma história que tomou seu caminho sem nos consultar. Tem verdades e fantasia, mas como elas muitas vezes se misturam, deixo para cada um distinguir uma da outra, querendo.
É verdade e também dou fé. hehe
Ah, prometo contar a história das duas últimas cartas e fazer um post sobre Morte Abjeta. Amanhã é feriado para mim, e certamente poderei me dedicar a isso com a atenção que merece.
Gosto deste espaço, vejo que não é para iniciantes, mas para iniciados, já íntimos. Bem, a curiosidade matou o gato, só fiquei a fim de ler esse livro também...abraços curiosos.
Quem tá roxa de ciúmes sou eu, que ainda não recebi meu livro!!!
Eu também, Aero, adoro esse truque da literatura, que nos atrai para o seu mundo sem que a gente precise perguntar: Foi verdade? Em literatura, sempre é verdade.
Aeronauta, você não escreveu apenas posts / resenhas. Você lançou desafios, peças de convencimento no mais alto estilo. Quem não ler este livro de agora em diante está fora do mundo, é um incompleto. Não sabe de nada. Nem da vida, nem da morte. Quem sabe este contato com o povo que escreve de verdade me devolve hábito o de ler. Ana Brasília tá ali, toda amarela, me olhando. Estou aguardando (lá ele) também a Morte Abjeta. Bernardo, tô esperando o meu.
Aero, como o adesivo para Rosália irá junto com outra encomenda que levará + - uma semana para me chegar... aí o positivo levará.
Deu vontade de ler o livro. Beijos.
Aero: Não tem mais como comprar Morte Abjeta. Esgotado. E Bernardo implicou que não quer fazer segunda edição. Antes do supracitado ir para as nuvens e ficar por lá, deixou alguns com Verinha, que vou buscar hoje ainda. Diga-me onde deixá-lo, ou se seu amigo pode pegar aqui em casa ou no meu trabalho. Veja como é melhor.
Nauta,
Fiz um texto para você. E estou louca para receber meu livro, viu, sr. Bernardo?
Bjs
fiquei curioso, quem sabe um dia não me empresta? ei leu o poema que te enviei? bjus.
Sua declarações primam pela sobriedade costumeira. Tatuagens edificantes. Para ficar.
Não, não houve nada de traumático em suas resenhas, nem podia haver. Você foi generosa com os autores novatos, tolerante até. Generosa em apontar o que de agradável surge nas nossas histórias; tolerante com os possíveis ou quase certos arranhões literários. Suas resenhas nos deram muitas, muitas alegrias, como não tivemos desde o lançamento deste livro. Obter uma palavra de elogio de parentes e amigos é como um complô, tá todo mundo combinado para isso. Minha tristeza é de outra ordem.
Se, passando por cima de minha casmurrice, Judith conseguisse outra edição, o que vc escreveu seria a nova apresentação.
Diga ao seu amigo, o escritor de verdade, que o exemplar dele está garantido e Judith se encarregará de entregar.
E antes que chovam os protestos, TODOS vcs qu manifestaram interesse, receberão também. Viu, Jana, Renata, Marcus...!
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