quarta-feira, 20 de junho de 2012
cidade Facebook (quem diria, estou lá)
Sabe uma tabaroa chegando na cidade grande? Fui eu chegando ontem na cidade chamada Facebook. Gente, nunca me senti tão atarantada; só quando, aos seis anos, fui a Salvador pela primeira vez. Por que eu fui a Salvador bem me lembro: estava com hepatite e precisava de tratamento. Por que eu fui para o Facebook já não sei responder direito. Deu um tino no juízo e de repente estava pedindo a alguém para me cadastrar. Será que eu fiz isso mais para ter acesso à vida alheia, com fotos, mensagens e tudo? Será que era para ter com quem conversar nas noites solitárias? Ou será que foi por mero instinto? Acho que foi pelas três coisas.
O que me deixou imensamente assustada é que em menos de uma hora depois do cadastramento já tinha 40 pessoas batendo na porta querendo entrar. Ou seja, quarenta amigos querendo ser adicionados. Levei um susto horroroso. O que fazer? Quem me cadastrou só fez cadastrar e foi embora. Esperei encontrar depois esse anjo torto e ele me ensinou a ir clicando um a um nos amigos que queriam ser adicionados; ou seja, me ajudou a abrir a porta para esse povão todo entrar. E mal ia abrindo e chegava mais e mais gente chamando. Fiquei espantada, a me perguntar de que toca saía tanta gente conhecida. Muita gente que gosto, alunos inesquecíveis, pessoas amadas por mim e desaparecidas; agora me acenando, com foto e tudo. Aí eu aprendi rapidinho a clicar na aprovação, abrir a porta. Entretanto, preocupada. Alegre por encontrar velhos amigos, mas preocupada; será que vou dar conta desse negócio?
O Facebook é uma cidade difícil de andar: muitas tabuletas direcionando, pedindo preenchimento (as tais "fichas") e que só fazem me desorientar. Não sei nada, nada... Como botar fotos? Como botar músicas preferidas? E os livros? E os filmes? Nem dizer que fiz curso superior na UEFS consegui; quis dizer que fiz pós graduação na UFPE e saiu que fiz curso superior na UFPE; quis consertar e não consegui. Meu anjo torto, veterano do mundo virtual, também não conseguiu.
Estou perdida, pois então, na grande Metrópolis.
Hoje à tarde, ao conversar com esse meu anjo, lembrei de Roberto Carlos cantando, na década de 70, "eu quero ter um milhão de amigos..." Claro, o Rei cantava essa ambição de maneira hiperbólica; sabíamos que ele nunca iria conseguir ter um milhão de amigos (naquela época). Eu ria comentando isso quando o tal anjo torto, diante do que ouviu, fez a seguinte constatação: "É, hoje rola". Pois é, hoje rola ter 1 milhão de amigos e muito mais.
Conheço alguém que traz o sonho de ter cinco mil amigos nessa cidade pós moderna chamada Facebook. Deus seja louvado.
Imagem: cena do filme "Metrópolis" (1927), de Fritz Lang.
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14 comentários:
ei, quero entrar também :)
abre a porta!!!
beijoss
Oi, Bípede, já estou indo abrir! Bjos
Só uma palavra: alegria.
Querida aeronauta, posso entrar também? não nos conhecemos ainda, mas ainda estou sob o completo encantamento da leitura dos "Poemas para Antonio" - também tenho um Antonio em minha vida.
O Facebook é igualzinho à praça das cidades do interior. Igual à Praça da Sé da cidade onde vivi minha adolescência.
abraço grande!
Oi, Ana Cecília, conheço sua poesia de muito tempo (Mayrant me apresentou um livro seu) e gostei demais. Que bom nos conhecermos!
E que bom que você gostou de Antonio!
Daqui a pouco iria lá, abrir a porta.
Bjos
Oi, Ana Cecília, fui lá abrir a porta e você não estava. Procurei e não lhe encontrei. Como faço então para lhe adicionar?
Já te achei e "adicionei" (sim, os termos são curiosos).
grande abraço, que alegria você já ter "me" lido,
olá Aeronauta!!
Realmente é É uma cidade com tráfico intenso!
Eu me perco também...
E vez ou outra me pergunto por que fiz face?
Fiz face... E todos querem ver todo o tempo por lá. Geram-se cobranças [risos]. É uma cidade com leis próprias!
Quem sabe não a vejo?
Abraço!!
Naiana, estou besta com tanta movimentação; tráfego intenso demais para minha preguiça (rs).
Bjos
Aero, estou feliz em ser sua vizinha, ao menos no mundo virtual. Bjs
Eu sou aversa a essa metrópole. Embora os convites sejam muitos, nenhum até então conseguiu me convercer a fazer parte desse grande "movimento"...rs. Talvez eu seja mesmo uma brejeirinha...vinda de um interior ainda menor do que o que habito e tenha receio de grandes coisas...coisas grandes só existem dentro de mim, fora, ainda não consigo administra-las..rs.
P.S. Ângela querida, seu livro segue ao seu encontro...rs. Relembrei ao postá-lo, os momentos áureos em que visitava os correios para enviar cartas de amizade, de amor, de carinho. Espero que goste, do livro e da dedicatória! Abraço!
Obrigada, Sandra, desde já. Vou ficar aqui ansiosa para recebê-lo. Bjos
Lindo isso que Sandra diz:
"...coisas grandes só existem dentro de mim, (...)
Relembrei (...) os momentos áureos em que visitava os correios para enviar cartas de amizade, de amor, de carinho"...
Sandra,
Isso me fez lembrar da minha adolescência. Na minha cidade não tinha telefone nas residências; dispúnhamos apenas de um posto telefônico da velha Telebahia, com apenas uma cabine, um telefone e uma telefonista quase sempre com ar de pouco caso e muito mau humor. Após enfrentar uma longa fila de espera, às vezes conseguíamos a tão almejada ligação. De lá, da precária cabine, sem nenhuma privacidade, falávamos, tímidos ou eufóricos, com nossas namoradas, parentes e amigos.
Os correios também, como você bem nos fez recordar, eram uma valiosa e imprescindível ferramenta de comunicação, haja vista a música que dizia: "Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com a carta na mão, ante surpresa, tão rude, nem sei como pude chegar ao portão"...
E éramos felizes assim. Sem clone, telefone, iphone, orkut, facebook, celular, sky, ar-condicionado, retro-projetor, computador, data show, internet, piriguete, dvd, karaokê e tê tererê terê tetê.
Abraços de um ilustre desconhecido,
Anônimo I
Obrigada Anônimo I por enxergar alguma beleza no meu comentário. Fiquei feliz em saber que o mesmo o fez lembrar dos tempos de sua adolescência...ah a adolescência!!! Que delícia era, se lembra, receber cartas?! Nossa, era um afago tão aconchegante à nossa alma. Era um parágrafo na nossa enfadada vida. As cartas nos traziam poesia, traziam a valorização daquelas pequenas horas que quem escreveu dedicou a nós. Eu amava receber e escrever cartas, fossem elas de amizade, de amor ou de carinho. Ir aos Correios então...o coração quase saía pela boca quando a postava...ficava ansiosa, imaginando quando finalmente o destinatário receberia aquele papel que foi tão acarinhado ou enrustido de raiva, por minhas mãos. E quando chegava em casa...a ansiedade era para receber logo o retorno. Que saudade de ir no único posto telefônico da cidade perguntar aos meus destinatários se receberam minhas cartas!!!! Dessas ligações me lembro, aconteciam em grande número aos finais de semana...kkkkk. Uma fila gigantesca para ter os ouvidos e o coração embevecidos de muito calor, carinho e acalanto. Nos fazendo muitoooooo felizes...rs. Um grande abraço, de uma não tão ilustre "conhecida"!
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