domingo, 29 de abril de 2012

e por falar em literatura

Vida literária é uma das atividades sociais que mais me chama a atenção. Se é bom ter vida literária? Sinceramente, sim; é divertido; é onde de mais perto podemos conversar, com os chamados "seres afins", assuntos de interesse "transcendentemente literários". Sinceramente, não; é onde farejamos, de mais perto, o que se chama estupidez humana; é onde vislumbramos de pertinho as chamadas "panelas", adulações; é onde entendemos como funciona a anatomia dos concursos literários, das academias, dos achincalhes, etc e tal. Se há podridão humana e humorística é na vida literária.
Terminei de ler agora o  "Nelson Rodrigues por ele mesmo" (Org. Sonia Rodrigues. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012) e esse assunto, que já estava rondando a minha cabeça há um tempo, eclodiu ao término do livro. Olhem só que interessante o que Nelson Rodrigues diz:
"Bote um retrato de Che Guevara na parede de casa, e o retrato abrirá todas as portas da vida literária".
Nessa frase eu me autoanaliso e tento reconstituir como algumas portas da vida literária foram abertas para mim, seja nas primeiras incursões em semanas de arte na Chapada Diamantina, seja nos lançamentos de livros e vernissages em Feira de Santana, e nos convites tipo bate papo com escritor emergente em Salvador. Como se deu tudo isso? Talvez ajudou bastante um certo quê de poetisa da roça que tenho, algo meio exótico; uma menina tímida com a cabeleira assanhada, saída lá das brenhas dos garimpos de Andaraí e que foi estudar Letras na Uefs com o livrinho amarelo, publicado, dentro da mochila. Um dos veteranos da vida literária feirense percebeu talento em minha escrita incipiente e foi me abrindo portas. Através dessas portas abertas conheci gente, muita gente, participei de antologias, até resultei membro da comissão de publicação do MAC, em Feira. Daí para chegar em Salvador foi um pulo. E eis que me vi, depois de alguns anos evidentemente, dentro da vida literária soteropolitana. Não com o jeito família de Feira de Santana, claro, mas com algumas oportunidades de aparecer. Cheguei ao desplante de dizer não a uma participação de destaque numa Bienal em Salvador, vejam só. Tudo isso em decorrência de uma profunda timidez e de minha falta de adequação ao ambiente riquíssimo que é a vida literária.
Mas voltemos a Nelson, agora ouvindo-o falar de um vencedor perpétuo de prêmios literários, seu conhecido:
"(...), o único defeito que acho dele, cuja obra conheço toda, é que tira todos os prêmios, tudo o que escreve é premiado automaticamente. Ele é um premiado nato e hereditário.(...)"
Engraçado esse Nelson Rodrigues. Seu humor é sempre muito, muito dramático. Por que chega a ser dramático o perpétuo ganhador de prêmios literários. Será que digo isso por puro ressentimento? Por nunca ter conseguido ganhar um premiozinho literário sequer? Nem na minha cidade ganhei um primeiro lugar num concurso de poesia. Aliás, lá é que não ganharia mesmo. Mas voltemos. Esse assunto é bom, e muito me intriga. Aquela velha pergunta inquietante :"o que faz um escritor ganhar diversos prêmios literários na sua província?"
Já participei de bastidores de concursos e poderia ter uma resposta aberta e sincera, fosse eu um Nelson Rodrigues de saia. Infelizmente não sou. Sou pusilânime. O próprio Nelson me absolve com relação a isso:
"A pusilanimidade é um problema de cada um de nós. Infelizmente, vivemos sob esse signo, principalmente os intelectuais brasileiros. Falamos mal e falamos bem por pusilanimidade, por pusilanimidade enaltecemos. (...) Falta-nos bravura para romper com esse circo fatal, terrível."
No meu caso, não falo bem de certo alguém, mas não tenho coragem de falar mal abertamente. Portanto, sou pusilânime. Como uma autêntica escorpiana com ascendente em libra, corro de confusão. Mas ao não falar bem do talento unânime (ah, a unanimidade...), me resta um pouco de coragem, não é mesmo? Ao falar nas entrelinhas, ao tentar encontrar o caminho do meio que é a sutileza, me resta um pouco de coragem.
Certa vez, ao ser membro da comissão julgadora de um concurso literário, tentei impedir que com o meu voto ganhasse uma péssima e bestial obra de um autor considerado "grande talento". Tudo em vão, pois o tal ganhou mais um. Para isso também serve a propagada vida literária: para que uma obra, de tão lida e debatida em saraus literários, seja imediatamente conhecida (e reconhecida). Mesmo sob pseudônimo, o tal nome berra, por que seu estilo, sua obra são conhecidos. Se esse fulano não escreve tão mal, tem uma certa correição sintática e algumas metáforas leves, então é ele quem, de novo, vai ganhar mais um prêmio.  Dessa maneira, portanto, nascem alguns gênios municipais, estaduais e federais. Óbvio, o que audaciosamente insinuo aqui não diz absolutamente nada a respeito dos escritores legítimos que ganham concursos. Diz apenas dos falsos talentos que sabem se inserir com bastante desenvoltura e familiaridade na chamada vida literária. Donos de uma escrita uniforme, correta, limpa; com metáforas idílicas, pitorescas; com uma alegria enorme de viver, sem qualquer fastio e tédio pela vida, vão colecionando prêmios importantes, tornando-se referência de boa literatura. Com gente considerada grande assinando embaixo. Amém.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

a poesia

Ontem passei o domingo inteiro selecionando nesse blog, e salvando no word, os poemas que tenho escrito nos últimos tempos. Arrumei, salvei, imprimi e constatei que é um livro. Batizei-o e guardei-o na gaveta. Todo esse movimento eu fiz pensando em algo estranho, misterioso e que se desenvolve quase sempre como uma pergunta:  por que é que escrevemos versos?  Desde os doze anos de idade tenho esse ofício, esse prazer, esse gosto, esse arrebatamento. Posso dizer com muita alegria e inocência que eu adoro escrever poemas. E quando consigo escrever um, a felicidade é muita, fico me sentindo em sintonia com os anjos. Não que a minha poesia seja boa, divina, essas coisas, mas quando consigo colocar no papel o que quero, o que vem, o que procuro nas palavras, eu me sinto leve, feliz, a despeito até da infelicidade que me moveu a escrever. Se não fosse esse movimento, não sei o que seria do meu desespero ou da minha alegria ou da minha inquietude - elementos que me motivam a buscar o poema. E juntar os poemas, imprimi-los com a ideia do livro é algo parecido com arrumar um filho nascido, penteá-lo e borrifar sua roupa com perfume. Sei o quanto é difícil publicar um livro, e o quanto é difícil divulgá-lo quando o publicamos. Na verdade, os poetas são os mais solitários de todos os homens. O mundo se interessa cada vez menos pela poesia, mesmo constatando a quantidade de poeta que há no mundo. É algo delicado demais um livro de poesia. Requer um público também delicado. Quem escreve poemas, e isso que vou dizer é truísmo,  escreve porque não pode viver sem escrever. E quando consegue escrever dois versos, que estavam sobrevoando sua sensibilidade às vezes há meses, sente-se um pouco em comunhão com o divino, aliviado e leve, na bem-aventurança que devem sentir os seres verdadeiramente religiosos.
No final das contas, o que importa para o poeta a não publicação de seu livro, a não divulgação de seu livro, quando o que ele mais queria conseguiu realizar? A palavra desceu de sua altura, subiu do seu abismo e o encontrou. Ainda que críticos e leitores não sintam o mesmo na leitura do poema, e ainda que sua poesia não seja lá essas coisas, o poeta - aquele que escreve poemas - se sente sempre um Grande, um Aliviado, um Escolhido: não dos homens, mas dos anjos, de Deus, tão inefável é o êxtase que experencia.

domingo, 22 de abril de 2012

as preces

Roxa era preta
e morava na minha rua
com sua prima Bela
que não era preta nem branca,
mas dona de uma cor antiga.

Rezavam toda a semana
para cada dia um santo
que elas bem conheciam
do almanaque Sadol.

Todos os dias da semana
a entoarem orai pro nóbis
a estourarem foguetes festivos
a servirem canjicas de milho.

Mesmo meninas ainda,
lá estávamos, todas as noites,
rezando, entoando preces
ardorosamene sentidas
em cada milho da canjica.

sábado, 21 de abril de 2012

moradas

quando vamos, é sempre o desterro a nossa morada.
a minha casa, por exemplo, não tem comida.
a minha casa não tem xícaras,
a minha casa não tem nada.

jardim? não, as folhas são secas
e as pedras que lhe enfeitam
vegetam, inanimadas.
Quase tudo aqui jaz perpétuo,
extinto, como os labirintos
sem qualquer importância
dada.

o que dizer aos móveis, às paredes,
à rede na varanda?
que o infinito é a terra
mais estranha?
que a ternura sempre engana
seu itinerário?

o que dizer ao telhado
inerte, me despertando?
ou à cama, me desvencilhando
sempre do mar?

ah, é sempre um desterro ir adiante,
é sempre um desterro morar.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

tudo que guardo

É preciso declarar
o infatigável imposto de renda
mas busco um livro de poesia
quero ler poesia
nesse dia tão frio

Esqueçam que tenho números
que me identificam sem apuros.
Esqueçam de mim, que não sou útil
para o mundo, de forma alguma.

Na minha casa tem facas
que nunca usei, e colheres, e pratos.
Janelas abertas como precipícios
anunciam atos dos mais graves, vazios
de qualquer realização.

Prefiro muito mais aquele filme
em que desapareço; personagem
vivo por dois segundos, num edifício
que em breve se desmorona.

Eu colecionava pedras, de todos os tipos.
Nelas gravava datas e símbolos
de minhas passagens absurdas.

Eu guardava pedras, como tantos
como tantos guardam selos
em álbuns refinados.

Continuo sem nada saber
sobre o âmago de qualquer número.
A poesia muda, inescrutável
é tudo que guardo, e não tenho

segunda-feira, 16 de abril de 2012

José e Pilar


Quando José Saramago morreu, postei alguma coisa aqui no blog a respeito de sua história de amor com Pilar. Daí surgiu o filme "José e Pilar", e, romântica como sempre fui, senti muita vontade de assistir. Não deu certo ir ao cinema à época de seu lançamento, e sempre nutri a ideia de comprar o dvd.
Em janeiro desse ano, comendo uma pizza com amigos, um deles, o escritor Carlos Barbosa, falou sobre sua decepção com o referido filme, principalmente com a tal da Pilar que, mais de que uma mulher de Saramago, era mesmo, isso sim, uma autoritária mandona (desculpe-me a redundância ao parafrasear o que Carlos disse). Fiquei ainda assim querendo ver o filme; aliás, agora queria mesmo era assistir ao desmascaramento dessa tão famosa história de amor.
Sempre duvidei das grandes histórias de amor, apesar de a vida inteira acalentar estupidamente o sonho de viver uma. Talvez uma história de amor nunca tenha realmente existido, pois que todos nós aprendemos desde cedo a mascarar as durezas do amor, idealizando o que não é bom numa relação. Digo isso por que não é possível que Saramago não tenha percebido o sargentão que é Pilar!
Subentende-se nessa observação que ontem assisti ao famoso filme-documentário "José e Pilar". Claro, eu já estava preparada para encontrar aquilo que Carlos Barbosa disse. E fiquei horrorizada, de fato, com o que presenciei. Mais ainda: fiquei com muita dó de Saramago. O que se vê no filme é a exploração de um grande escritor ancião por uma feminista arrogante e autoritária. Pelo menos o que o filme passa é a imagem de um homem verdadeiramente apaixonado por seu carrasco, e sem sequer (querer) notar que sua mulher é um carrasco. Nós espectadores, deitados em nosso sofá ou cama, ao assistirmos àquelas cenas viajeiras do casal nos cansamos, imagine Saramago no alto (e baixo) de seus oitentanos! Pilar botou o homem para viajar de avião pelo mundo todo até esse ficar desidratado e doentíssimo, beirando a morte, vai não vai... O que ela dizia desse movimento todo, desse tour infernal pelo mundo, fazendo aquele velho homem cumprir mil agendas? Dizia mais ou menos assim: que é emergente viver; que Saramago não iria ficar seus dias descansando com uma coberta entre as pernas; que para ela nem tristeza nem depressão existem, pois que para toda e qualquer doença e desânimo existem fármacos. E tome-lhe então botar o homem pra viajar por tudo que é canto do mundo; inaugurando bibliotecas, autografando livros com filas enormes e desumanas na sua frente, proferindo conferências em universidades... Numa dessas percebe-se o escritor cochilando, tamanho cansaço ao ouvir as conhecidas baboseiras acadêmicas. E ela, Pilar, feliz da vida. Claro, bem mais nova de que ele, cheia de vitalidade e vaidade (aguentem a rima), dando entrevista ao mundo todo, fazendo questão de ser arrogante. Numa dessas entrevistas, fica brava quando o jornalista lhe chama de "presidente" da fundação (Fundação Saramago, claro). Com um espanhol irritante, ela proclama com ferocidade que não é presidente e sim presidentA, presidentA, presidentA!, afinal é mulher e não homem.
Enquanto isso, em meio a avião decolando e aterrissando (sempre onze ou mais horas de voo), Saramago não tem tempo de escrever uma linha. A mulher não deixa; a mulher quer viagem e projeção; a mulher quer que o homem "viva" e não "escreva". Há uma passagem em que o próprio diz mais ou menos isso: que, enquanto ele nasceu para escrever romances, ela nasceu para viver. Que se dane, mulher! Vá viver e deixar o escritor realizar em paz o seu ofício! Mas não, ela não deixa e ele cede, coitado. Em nome de um chamado "amor". Era amor mesmo? Quem sou eu para saber dos amores dos outros, se nem sei dos meus... Sei apenas que saí do pretenso filme de amor não emocionada, mas com muita raiva, raiva de Pilar. O que vale no filme é ver Saramago e seu laboratório de escritor e de homem, ainda que esse homem tenha sido vítima de uma mulher autoritária. Imagino quantos livros mais Saramago teria escrito se não tivesse sido obrigado, por Pilar, a viajar tanto. Uma das cenas, das últimas, mais comovente é quando ele - bastante frágil e debilitado, ao sair de um avião e entrar num carro - declara a ela desejar vir árvore numa outra "reencarnação": assim finalmente estaria fincado para sempre num lugar só, sem viagens.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

o mais denso dos desejos


O amor que tenho hoje, meu amigo,
é preguiçoso: perdeu a lascívia.
Apenas persegue a ternura
com a mais dura violência.

Não quero ver o seu sexo
buscando abrigo em minhas pernas.
Quero mais a criança inteira
afagando as minhas costas.

A sua criança, morta há muito tempo:
quero ela.E nela desembaraçar-me
dos enleios; atirar-me à sua alma
com o mais denso dos desejos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

parabéns, Amiga!


Dos triunfos*

Mônica Menezes

sou um fracasso para o sucesso
sou um sucesso para o fracasso

mas, quando eu nasci, o médico disse:
- por pouco.


Mônica tem uma poesia que diz muito em poucas palavras. Sua amizade é como sua poesia. Ela é como sua poesia. Hoje é o seu aniversário. Daqui mando meu grande abraço.

* Extraído do livro: MENEZES,Mônica. Estranhamentos. Salvador: P55 edições, 2010, p.13.

domingo, 8 de abril de 2012

"vestida de cetim"


Na minha linda juventude eu era tão infeliz. Creio que sempre soube, diferentemente da poeta Mônica Menezes, ser muito infeliz. Na minha extrema e lírica infelicidade ouvia Raul Seixas. Até que um amigo nosso resolveu desvelar a morte, "morte, morte, morte que talvez seja o segredo dessa vida". Deu um tiro em si e deixou uma carta: que Raul fosse cantado no seu enterro; não fui ao enterro, mas Raul continua cantando até hoje dentro de mim, dentro dessa morte, nesse enterro contínuo, infinito.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

no dia da sua renúncia


No dia da sua renúncia
arrume a casa, espere as núpcias
que um dia aconteceram.
Dê espaço para a festa
solene da dor
Como se fosse impor
mais uma cor
ao arco-íris solitário.

No dia da sua renúncia
Não seja avaro, cultive
suas lembranças
na ânsia de retê-las.
Depois, atire-as fora
uma a uma
na passarela, o desfile

desperdícios


O que dói é o desperdício
de sentimento
Mães chorando, num lamento
sem qualquer história
que registre
Flor silvestre sem tempo
nascida no meio
da estrada,
trilhada por pedras
e dissolução
Essa mão, essa mão
que insiste em tocar
o mundo que não permite

Dói mesmo essa sobra
de sentimento
que não é aproveitada
em verso algum
Bondade espalhada
por terra árida
Afago frágil, sem pétala
em qualquer flor
A inutilidade da rosa
A inutilidade do sino
O suor que se desprende
da testa de um menino

Tudo, tudo que insiste
em continuar vivendo

quarta-feira, 4 de abril de 2012

meio down


Cheguei à época clichê de falar: "No meu tempo..." Pois bem, no meu tempo o que era belo era ouvir a dupla Kleiton e Kledir dizendo que, se deu para ti baixo astral, vá pra Porto Alegre, tchau. Hoje o que ouvimos são duplas horrendas; Bruno e Marrone, por exemplo. São tantas, e tão iguais na ruindade, que nem sabemos mais quem é quem.
Passando pelas lojas americanas na última segunda-feira, levei um susto quando me deparei com uma dupla de nome João Bosco e Vinícius. Será que é para apelar mesmo? O pior não é nada: é num domingo tedioso assistir a um tal de Teló, idiota de marca maior, ganhar na televisão um troféu com a melhor música do ano. A "música" tenho certeza: todos conhecem, não vale a pena recitar um trecho.
Gente, a sensação que eu tenho é que o mundo vai acabar.
Outra historieta: minhas duas grandes paixões, literatura e cinema, andam me rondando a um tempão para um deleite mais apurado. Ofereci nesse semestre a disciplina Literatura e Cinema na universidade. Passei dias e dias comprando muitos livros sobre o assunto, me dedicando, com um prazer imenso, a lê-los. Hoje, primeiro dia de aula. Sala 115. Chego. Abro a porta. Muitas cadeiras. Todas vazias. Espero. Olho o relógio. Nada, nenhum vivente. Daí fui saber no Colegiado se ninguém se matriculou na minha disciplina. Vi no papel dois inscritos. Soube depois que os alunos disseram que correrão de minhas disciplinas por que passo muitos livros para leitura. Ou seja, estão correndo dos livros. E agora, dos filmes.
Será que em Porto Alegre a coisa é diferente? É melhor talvez eu ir pra lá; tchau.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

ao Vento


Entrego ao vento tudo isso.
Nada é meu, nada.

Leve, Vento,
minha casa, meu travesseiro,
meus livros
para o teu desterro.

Leve, de cá eu assisto
todas as perdas.
Elas pesam, mas teu hálito
não é de pedra, é de ar

E tuas asas invisíveis
abertas, a vagar
não são pássaros
não são nada