terça-feira, 5 de junho de 2012

réquiem

Tem coisas que a gente tem vontade de esquecer. Daquele domingo, ao voltarmos sem ele. Tomei banho e acordei no outro dia assustada ao ouvir minha irmã falar ao telefone: "pai  morreu ontem". Não dava para acreditar, levei um susto e quase saí correndo para desmentir. De fato, ele não tinha vindo com a gente. Lá em casa ficaram sua camisa de listras, suas calças, seu paletó verde, seus sapatos. Nós três estávamos numa outra cidade, depois de tudo, para tentar esquecer. Desde esse dia - 05 de junho de 1994 -, eu, minha irmã e mãe não paramos mais em casa, somos estranhas espécies de nômades. Pensar que hoje faz dezoito anos que ele nos deixou, involuntariamente, me entristece. Não sou dessas fiéis que aceitam com subserviência a vontade de Deus; na verdade queria saber mais sobre essa vontade; sou por demais curiosa com essa vontade. Dia 05 de junho para mim é sempre dia de luto, dia fechado, sem alegria. Hoje sequer abri a porta da rua.

4 comentários:

Bípede Falante disse...

entendo tão bem a sua dor.
esse ano vai fazer 15 anos que a mãe morreu.
não tem como passar em branco.
o dia vem com toda a nitidez e parece que se repete, repete, repete.
beijoss

Anônimo disse...

Minha querida Aero,

Eu que acompanhei de perto um pouco dessa sua triste despedida, e que, infelizmente, também já me despedi do meu, sei exatamente o que você está sentindo, de modo que me solidarizo com você dessa dor, dessa saudade eterna, desse choro sempre intenso e demasiado sincero todas as vezes que nos lembramos deles: nossos maravilhosos e saudosos pais.
Quanta falta nos fazem eles!

Abraços e lágrimas,
Anônimo I

aeronauta disse...

Obrigada, Bípede.
Obrigada, Anônimo I.
Essa dor é de fato eterna,contínua,não cessa. E o espanto também.

Mã disse...

Meu coração quer esquecer esse dia. Acordo e não me lembro. Passo o dia no vai-e-vem de sempre,e não me lembro. Você passa uma mensagem me lembrando, algo intercepta a mensagem e eu não recebo, então, continuo sem lembrar. Á noite, Benedito me manda outra mensagem e já não "podem" mais me poupar, então, recebo, me lembro e caio no choro. Não,não e não. Prefiro me lembrar como sempre, do dia 17 de JULHO. Esse sim, eu jamais esqueço. Sinto não poder abraça-lo nesse dia, mas não é um dia de dor. Para o meu coração, ele continua fazendo as suas viagens e eu continuo a esperá-lo com a mesma alegria.