sábado, 22 de dezembro de 2012
de todas as lembranças
Como não lembrar do presépio lá de casa? Impossível não lembrar. Era todo feito de pedra, que mãe guardava ano após ano, dentro de uma caixa. Pedras do rio, grandes e pequenas, com as quais ela fazia uma gruta no canto da sala. Feita a gruta, lá vinha a areia do rio, novinha, catada naquele ano, sempre pura. E com a areia o cheiro de rio ficava forte, cheiro de vento, cheiro de mato, tudo ali, pertinho de nós, no canto da sala de visitas. O presépio era armado no início de dezembro, mas Jesus Menino só era acolhido na sua manjedoura à meia noite do dia 24 para 25. Com a casa toda dormindo, mãe ia lá, pé ante pé, e fazia Jesus nascer (creio que era nessa hora também que ela virava mamãe noel e colocava na nossa cama o tão sonhado presente!). Como esquecer os personagens que compunham o presépio? Além dos três reis magos, de Nossa Senhora e São José, no meio das pedras ia muita gente, ah se ia... Ia um boneco em feitio de menino, nuzinho em pelo, chupando o dedo; ia uma boneca morena e uma loura; até mesas e cadeiras de brinquedo faziam o percurso de ida à gruta; todos indo, indo ver Jesus: bolas pequenas, bichos de plástico, jarros, panelas, tudo que se imaginar. Depois do dia 25 faziam o caminho de volta: mãe colocava esses personagens todos dando marcha à ré, ou seja, voltando de dentro da gruta. Que animação aquele mundo! Adorávamos tanto aquilo tudo! Hoje entendo por que nos acabamos de chorar quando alguém entrou lá em casa e, sorrateiramente, roubou o boneco em feitio de menino nu, chupando o dedo... Ele já estava voltando da gruta, já tinha visitado Jesus... quando o levaram para sempre.
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