quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

saudade de Herberto Sales

Hoje, relendo minha dissertação de mestrado que virou livro em 2004 pela Coleção Selo Editorial Letras da Bahia, tive uma saudade imensa de Herberto Sales. Eu morava em Feira de Santana e não tinha telefone, e lhe mandei o telefone de minha casa em Andaraí. E nos finais de semanas, quando eu ia para lá, ele me ligava, sempre no meio da tarde. E me pedia, nostálgico, notícias de dona Celé. Dona Celé era minha vizinha da rua da Ilha, que fora conhecida sua de juventude. Eu respondia que dona Celé estava bem, sempre sentada na porta. Aí ele me perguntava por Petró; claro, Petró ainda está vivo, eu respondia. Havia uma saudade enorme naquele homem que deixou sua terra há tantos anos atrás; e que ali, tão longe, a partir de um telefone, me pedia notícias de pessoas conhecidas; era como se ele me perguntasse se o rio paraguaçu ainda continuava cheio e belo.

2 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Muito legal, Nauta. Uma saudade singela e poética.

Sandra disse...

Sem importar pra onde vamos, sobre qual solo vemos a lua, a saudade sempre bate a nossa porta e como em um desesperador retrocesso, nos apegamos àqueles que podem nos fazem sentir sabores antigos, cheiros antigos, sensações antigas...que nos fazem lembrar, apesar de quem nos tornamos, o que realmente somos e que esse alguém ainda em nós mora. Senti tanta saudade ao ler esse texto Ângela, e achei o Herberto especialmente belo e corajoso por explicitar a saudade que sentiu. Abraços, querida!