sábado, 23 de fevereiro de 2013
A mesma triste bahia
"Os escritores Elieser Cesar e Carlos Barbosa divulgaram, na quinta-feira, textos em que eles expressam perplexidade diante do argumento frouxo que justificou minha demissão da Diretoria do Livro e da Leitura (DLL), da Fundação Pedro Calmon: incompatibilidade com a Secult-BA. Ora, o argumento, embora débil e pusilânime, é de fácil assimilação: Albino Ru(b)im, Secretário de Cultura. Depois de Márcio Meirelles, merecíamos coisa melhor. Mas o secretário atual, com sua fala macia e postura de bom moço (que me faz lembrar uma arguta frase literária: "A quem você engana quando tira a roupa?"), é uma espécie de símbolo do que a Bahia reúne de pior e que vai conduzi-la, em poucos anos, à derrocada total: educação ruim, baixo senso crítico e estético, agressividade cotidiana nas ruas, sujeira de norte a sul, de leste a oeste, desorganização generalizada, alto índice de trabalho informal, trânsito caótico, supermercados péssimos e livres de qualquer fiscalização, uma estação da Lapa que mais parece saída de um cenário de filme apocalíptico hollywoodiano, professores mal remunerados, policiais que num piscar de olhos tornam-se bandidos e que fazem greve, ônibus caindo aos pedaços e que levam horas para chegar aos pontos, quando chegam, ruas esburacadas pelas instalações temporárias do Carnaval e onde pessoas idosas caem, como aconteceu com minha mãe, padarias vendendo pão recheado com barata, porque também não são fiscalizadas, um metrô que foi imaginado por Kafka e começou a ser construído por Ionesco, estudantes universitários que invadem o restaurante da universidade e ali ficam, por meses, exercitando atos dignos de guerrilha e que se autodenominam Rapinagem. No entanto, se alguém em meio a isso tudo se puser a trabalhar para mudar tal situação (como a DLL, que durante quase dois anos, sob a minha gestão, se esforçou por "produzir" mais leitores na Bahia e oferecer-lhes bibliodiversidade), é provável que um outro Albino Ru(b)im apareça para exonerá-lo. Só nos resta, a todos nós, homens de bem e que, mesmo diante de candidatos medíocres, saímos de nossas casas para cumprir a obrigação do voto, só nos resta nos aferrarmos à tradicional certeza, que, hoje, uma amiga, Denise Gomes Dias, me fez relembrar: "por mais opulentos e poderosos que se considerem, um dia os impérios desmoronam, ruidosamente". Que assim seja."
Postado por Mayrant Gallo às 1:06 AM
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2 comentários:
Obrigado, Ângela, essa causa é nossa, dos escritores baianos, ridicularizados pela Secult, e para os quais o secretário Albino Ru(b)im só tem desprezo. Ele não vai sair dessa impune. Abraço!
Conte conosco, Mayrant! Abraços.
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