sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Homem


No abraço, o cheiro de seu cabelo: cheiro de mormaço, sol, partícula mais íntima de uma árvore grande, viçosa, com as raízes bem postas. Você é um homem rústico: tem as mãos calosas, feitas para acariciar dores mais fundas. Todo o seu corpo pesa, seus braços carregam nuvens em dias de chuva; trovoadas, as mais pesadas, nuvens, as mais escuras. Me ensina dia a dia como ficar muda; como não dizer que lhe amo. Nada, nada é necessário, sua alma murmura, calma, sem qualquer palavra.




Imagem: "Esboço", Cauê Ramos.
(www.flickr.com)

9 comentários:

Anônimo disse...

Texto simples e singelo, como tudo o que é verdadeiro e profundo na vida...
Ah! Se eles soubessem que são as coisas simples que nos encantam e comovem!!!
Adoro seu blog, seu estilo, seus textos. Talvez porque às vezes encontro neles me jeito de escrever...
www.palavradmulher.blogspot.com
Abraços.

aeronauta disse...

Oi, querida Iara, fui lá no seu blog, e adorei saber que você é de Recife: uma das minhas pátrias.
Esse seu comentário acima me comoveu tanto! Obrigada. Abraços.

Gerana Damulakis disse...

É, aero, este homem de mãos calosas para dores mais fundas me comoveu.

Anônimo disse...

Hello, as you can see this is my first post here.
I will be glad to get any assistance at the start.
Thanks in advance and good luck! :)

Bernardo Guimarães disse...

texto verdadeiramente retado!

Lidi disse...

"Me ensina dia a dia como ficar muda; como não dizer que lhe amo. Nada, nada é necessário, sua alma murmura, calma, sem qualquer palavra."

Ah, como gosto do que você escreve, de como escreve. Um beijo, Aero.

Edu O. disse...

Esse silêncio no amor, para mim é a maior declaração. precisa-se de muita intimidade para compartilhar o silêncio.

Nilson disse...

Vigoroso mesmo é esse texto. Massa!

Moniz Fiappo disse...

Que texto! Voce escreve de um jeito que me enreda e encanta. Belas imagens.