quinta-feira, 9 de agosto de 2012

meus oito anos


Não, Casimiro, não tenho saudade
de meus oito anos.
A aurora de minha vida era o crepúsculo
avermelhado
que eu via sempre, assustada
pensando ser o fim do mundo.

A minha infância não tem som
de violino,
nem de piano.
Vez ou outra ouço sim um ranger de porta
abrindo, abrindo sempre
para que tudo volte.

A tramela insiste, aberta,
e o vento faz festa com ela.
A tranca e a janela
são convites à minha espera.

Mas para que querer a infância
se os anos a trazem sempre
à minha revelia?

Ela dorme, em letargia,
se levanta, não se cansa
não se cansa nunca
de morrer





3 comentários:

Anônimo disse...

..."Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!"...

Oh, minha estimada Aero, eu tenho tantas saudades que nem gosto de lembrar.
Morro de dó dos infantes de hoje, órfãos de tudo e de todos! Pobres, soltos, perdidos em um mundo sem poesia, sem pureza, sem quintais. Acariciados pelas leis, apenas por força da lei.

Abraços,
Anônimo I

Terráqueo disse...

Belíssimo texto, como é difícil nos libertarmos da infância, pois as memórias boas são sentidas com saudades, e as tristes com dor, e por mais que duram estão sempre dando uma espiada. Abs.

aeronauta disse...

Anônimo I: bom reencontrá-lo por aqui, sempre com belos comentários.
Terráqueo: há quanto tempo, hein? Obrigada pela visita.