Todos os dias sinto a dor de parir, mesmo sem nunca
ter parido; na verdade, sinto a dor de existir, e é uma dor fina, cheia de
contrações. Não sou machista, não sou feminista, sou mulher. Não levanto
bandeiras, mas estou aprendendo a me defender e constato,a cada dia, uma
fortaleza que não sabia que tinha: consigo viver dia a dia e não morrer antes
da hora, isso é grandioso demais para um corpo e uma alma sensíveis diante de
um mundo que não é nem um pouco sutil. Hoje mesmo senti a dor de parir, e foi
fina, intercalada; a cada contração eu pensava que iria morrer. Nasço todos os
dias depois dessa dor.
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4 comentários:
Minha dor é de partir,
minha vontade é de ficar.
"...Não sou machista, não sou feminista, sou mulher..."
Esse trecho me fez lembrar o Kundera no seu "A insustentável leveza do ser", quando o personagem Franz diz à sua amante: "Sabina,você é uma mulher." Inicialmente ela acha a fala do amado comum, porém, depois ela percebe que a ênfase dada à palavra mulher designa um valor especial e que nem todas as mulheres merecem essa nomenclatura. Você Ângela é uma MULHER, muito especial e imensamente admirável. Desejo-te muitos renascimentos. Grande abraço!
Obrigada, Sandra, sempre, por palavras tão belas!
Acho que também compartilho desta dor
"diante de um mundo que não é nem um pouco sutil. "
abraços,
:D
Naiana
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