terça-feira, 13 de maio de 2014

Quero o teu silêncio de pano mais ordinário, de chita, mas também de madapolão. Teu silêncio rico diante de minha tristeza, porque todo ser humano tem direito a ela, à tristeza, sem precisar ouvir conselhos de Osho e de autoajuda. Se sou mulher que ama demais? Sou sim, e daí? Mas não me aconselhe a ler esse livro, meu amigo, não me aconselhe, porque senão não sei do que serei capaz; de dormir dez dias, satisfeito? Aos invés de qualquer palavra, apenas escute o meu silêncio e tente lê-lo. Vele meu sono estúpido diante desse sol chamando pela vida. Ave, deixe o sol chamar pela vida, porque nem todo mundo está a fim de sol. Veja os sertanejos por exemplo, querem chuva. Queria assistir contigo Deus e o diabo na terra do sol. Queria que chorasses naquela parte das bachianas em que Corisco roda com Yoná naquele beijo mais comovente do cinema; cinema, essa espécie de teatro da alma. Há coisas felizes, e que só a arte e a compreensão trazem. Chamo amor de compreensão, porque amor como chamam por aí não há. Compreensão. Palavra mais difícil que essa, impossível. Compreensão: você descascando uma laranja para mim, por compreensão, por zelo. Amor? Essa palavra não me diz mais nada. Oca, como as novelas da globo. Prefiro sentar contigo nos trilhos de um vagão que desapareceu. Mas que a qualquer momento poderá aparecer, de súbito, e nos engolir.

3 comentários:

Anônimo disse...

Do papel saí a alma. Imensa e flácida.
Alma se diluindo em frases,
em crases, em sinalizações
trôpega e infeliz..

Até cumprir o seu tempo
O seu oficio
Ela é errante, profana
neste vício atordoante
que emana do seu corpo
e se espelha no dorso
do papel



a

Anônimo disse...

"agora não posso fazer mais nada, aconteça o que acontecer. O que será de mim?

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Anônimo disse...

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai