sábado, 21 de julho de 2007

A solidão e sua porta

"(...)
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha),

Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha"

"A solidão e sua porta", eis o nome do soneto, aqui em suas duas estrofes iniciais. Quem escreveu: Carlos Pena Filho. Quem reza esse poema: eu.
Eu rezo esse poema sempre. E se soubesse, aqui nessa máquina terrestre, como sublinhar em negrito, eu sublinharia o seguinte verso: "...e até Deus em silêncio se afastar". É o verso mais forte. É o que dói mais. É a maior medida da solidão: sentir Deus, em silêncio, se afastando, fechando a porta, indo embora.

4 comentários:

Anônimo disse...

TEnho este poema copiado a mão, datilografado e digitado. Luto para aprender a dizê-lo, mas não consigo. Talvez por medo do seu peso, de sua densidade. Parabéns pela escolha. Abr. Carlos Barbosa

katherine funke disse...

É, amigo, você pegou pesado dessa vez. Pesado e em cheio.

Carlos Rafael Dias disse...

SOLIBAR
(Alceu Valença e Carlos Penna Filho)

Sei dos pingos da goteira
Batucando no passado
E sei que as cinzas da fogueira
não recomporão os galhos
Dia sim e dia não
Dói a minha solidão
Eu tô ficando aperreado

São trinta copos de chopp
São trinta homens sentados
Trezentos desejos presos
Trinta mil sonhos frustrados

No bar "Savoy" na Sertã
No "Luna" bar no Leblon
Vejo a tristeza do gado

(Disco Coração Bobo, Alceu Valença, Ariola)

Vivz disse...

Gosto dessa densidade.