domingo, 25 de novembro de 2007

Para a posteridade


Duas meninas lindas, com o mesmo tipo de vestido. Pressinto que vocês já devem saber quem é a Aeronauta aí.
Minha mãe encerava a casa com uma cera vermelha e um escovão. Ficava lustrando. E adorava forrar latas e enfeitá-las com plantas. Cenário ideal para tirar retrato das duas meninas. Nesse dia tenho a vaga lembrança de que brincávamos na varanda, perto do quintal. Mãe nos chamou, correndo: Mozart, o retratista, estava passando na rua, vamos aproveitar, disse ela, para tirarmos um retrato... Qual o lugar? Aqui, no corredor, junto dessa planta. Ah, eu com medo do retratista, com medo do retrato, com medo de tudo que era do mundo! Minha irmã, linda, sorria e estalava os dedos, sua mania preferida; enquanto o que eu desejava mesmo era entrar na parede e fugir daquele retrato e daquela máquina que tinha um bojo branco enorme olhando para o meu rosto. Os cabelos assanhados, vim correndo, mãe tinha pressa e o retratista não poderia esperar. O jeito era encarar para ficar livre logo: juntei minhas mãos em situação de desespero e resignação... Era para a posteridade, poderia estar pensando minha mãe...

12 comentários:

Unknown disse...

Tadinha toda acanhadinha! Agora já temos a face de nossa heroína romântica! Mto bom! Bjao Nauta

Anônimo disse...

Bela memória. A cara do nosso interior de corredores lustrados a escovão, plantas, duas lindas garotas. Papai com certeza amava igualmente as duas. Belo começo de revelação de identidade. Estamos esperando pela foto dos 15, 20, 25 anos...

Senhorita B. disse...

Ah... Que fofas! Lindas menininhas!
Beijos, querida Nauta!

Kátia Borges disse...

Minha mãe também encerava o chão de piso vermelho lá de casa quando eu era criança. E tinha uma enceradeira enorme que fazia um barulhão danado, mas deixava o piso brilhando. Sempre que venho aqui, lembro a minha infância.

Muadiê Maria disse...

Menina corajosa, encara pra ficar logo livre.
Também convivi com as latas de plantas. Firmes. E Valdelice enfiando o dedo nas galinhas pra ver se tinha ovo. A vida é inesquecível, né?

Anônimo disse...

Essa menininha encostada na parede me lembra alguém. Beijos, Mônica

Anônimo disse...

Duas latas d'água por viagem ao rio. De manhã e de tarde. Precisávamos, meu irmão e eu, manter o tonel com água potável. Minha mãe lavava a casa com água da cisterna. Éramos nós que abastecíamos o pequeno tanque no quintal com aquela água salobra e envenenada por baratas. Haja braços, cisterna funda. O chão lá de casa era de lajotas de barro. Nada de cimento, nada de cera, nada de foto. A verdadeira pobreza desconhece tais coisas. Sobrevivi. Mas aquele tempo não passa. Impossível passar: ausência de hipocrisia gera tatuagens profundas. Tudo o mais é água de chuva que cai no asfalto. Abr. Aérea Persona, rechonchuda infante. (Carlos)

anjobaldio disse...

Na casa de minha avó também tinha escovão. Às vezes eu também ajudava no chão. Gostei do blog. Até mais.

Vivz disse...

Muito engraçado ver o jeito que as crianças posam para fotos. Saem sempre assim meio assustadas, estáticas, principalmente as pequenininhas. Meus enteados saem exatamente assim, como vc e sua irmã. Acho lindo!

Carlos Rafael Dias disse...

Se era bom só com letrinhas, imagine com figurinha...

Lidi disse...

Que menina linda e fofa!

A Leitura para a Educação disse...
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