domingo, 18 de abril de 2010
Banho veneno
Ricardo Nonato
Por não querer-te
Sou paredes
E debaixo dos meus pés,
Dormem cães famintos.
Nesse vago estreito
Devoro tempestades.
Meu grito
Nas águas é
Lembrança antiga.
Ainda trago nos lábios
o veneno do banho.
Minhas cabeças traidoras
Devorando ossos,
Devorando-me sempre.
Sou carne partida
Nos dentes.
...
Numa cilada maldita
Afogo marinheiros perdidos.
Sou o caminho do medo,
O medo.
Terror dos aflitos.
Laceração lavada
No salitre escuro
Do mar.
Minha beleza
É fome.
Imagem: "IMG_3470", por Ivan Monticelli.
(www.flickr.com)
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5 comentários:
Fortíssimo. Me pegou em cheio.
Muito bom, imagens fortes que arrebatam.
blog intenso, lindo e lirico!
Minhas cabeças traidoras. Isso é muito eu.
Como colocou Janaina: Fortíssimo. Mecheu na transfiguração do meu ser.
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