sábado, 18 de dezembro de 2010

À FLOR DA PELE


**Paulo R. B. Silva


Chegou em casa, retirou a chave do bolso, encaixou girando a maçaneta. Entrou, retirou, e com o pé empurrou, fechando a porta. Colocou as sacolas na mesa. Tirou o sapato e a meia, deixando os pés nus em contato com o azulejo branco e frio. Dirige-se para a cozinha, abre a geladeira. Morde uma banana, pega no cabelo, deixa-o solto, tocando nas costas. Coloca leite no copo, brinca com o gato. Alisa-o com o dedão do pé, agacha e toca suas costas peludas. Arrepia-se, fica ouriçado, seu instinto animal foi acordado. Observa parado. Tira a calça apertada. Passeia de calcinha cor de rosa pela casa. Segue-a. Para na sala, liga, uma música é ouvida. Dança, acende, relaxa, respira, traga. Solta fumaça. Retira a blusa deixa cair a calcinha. Segue nua para o quarto. Ouve um miado, olha-se, chega mais perto, um reflexo nu em frente a ela. Toca o lábio, percebe o sinal perto do queixo, alisa o seio, aperta o mamilo, ri das suas formas, acha engraçada a sua chana. Uma abertura em meio às suas pernas, enfia o dedo. Sente o seu gosto, acaricia-a fazendo-a lubrificar-se. Molhada vira, suas costas, sua bunda. Imita o gato ficando de quatro. Dá mais um trago, levanta apaga, senta na beirada da cama de pernas abertas, ele caminha erguendo-se em duas patas, apóia-se na cama. E como se tivesse lambendo o próprio corpo, passa a língua na sua rata. Ela estremece, levanta as pernas no ar, de forma que só a flor se veja, delicada e deliciada. Gemia cada vez mais alto, ele permanecia como se estivesse banhando um filho. A língua ia a lingua vinha, ela se contorcia. Ele para, olha-a admirado. Passa ainda a língua mais uma vez, vendo-a delirar e gozar. Ele nessa hora parecia se alimentar. Ele sobe pra cima dela e a penetra, revelando seu corpo de pantera.
Ela acorda do seu sonho louco
Ele está ao seu lado
Observa-o
Ele vira-se
Ela sobe em cima dele
Ele encaixa
Começa a dança
Cavalga-a
Noite e estrelas
Abraça-o, levanta-o, recebe-o com mais força, arranha-lhe as costas, começam os gritos e os gemidos, a troca de fluidos, trovões, raios cortando o céu, flutuavam em cima do nada, na imensidão das galáxias. Unidos, um só corpo, um só espírito em igual proporção.


**Paulo R. B. Silva é poeta e contista. Aluno do primeiro semestre de Letras da UFRB.
Imagem: www.google.com.br

5 comentários:

Anônimo disse...

Eita, não conhecia essa sua vertente!

Tô meio assustado...rs

Marcantonio disse...

Nossa! O que faz esse post após o outro? Que sonho metamórfico. E daqueles que se vinculam imediatamente à realidade para a realização do desejo. Muito sensual.

Abraço.

Muadiê Maria disse...

Adorei.

Moniz Fiappo disse...

Menina, adorei esse sonho, esse conto, esse meio, esse fim.

Bípede Falante disse...

Gosto dessas gentes cheias de desejos e devaneios :)
Adorei!!
bjs