sábado, 19 de março de 2011
para dormir
Tudo era para ser, não foi. O que vou fazer? Ranger os dentes? Gritar impropérios para Deus? Dilacerar-me a alma num golpe certeiro? Atear fogo às vestes, como os suicidas de antanho? Repetir os clichês do desespero?
Não,
Dê-me uma relva mansa, umas flores no jarro, um entardecer verdadeiro.
Dê-me três goles d'água, um afago nas têmporas, uns versos de Cesário.
E a música de Bach, inteira, inteira.
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Um comentário:
O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.
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