quinta-feira, 11 de agosto de 2011

deserto


Queria entender os mecanismos maquiavélicos que formam cada osso da cara de um ser. As invejas nutridas em cada ponto de uma face branca de pó, aquelas unhas grandes e afiadas de quem quer pegar, de soslaio, sua presa. Meu Deus, como eu queria entender esse povo. Esse povo metido a besta. Gente que traz uma energia miasmática, cruzada, na qual uma boa prosa não flui, e que você precisa a todo tempo estar atento para não desmaiar. Gente que nos dá morredeira, cansaço, tédio, desesperança, raiva. Meu corpo não consegue, meu corpo crispa, adoece. E me recolho, inerte, deitada na minha cama, expulsa do mundo. Como deixar de ser estrangeira, e habitar essa mesma terra, em estado de comunhão? O que quero, muitas vezes, é dar uma de louca, e quebrar de porrada a cara de um. Meu Deus, eu sou doce, não sei pronunciar palavrão, não consigo rebater uma indelicadeza, não vou ter coragem de quebrar a cara de um, de unhar até sangrar uma face branca de pó. O que fazer, meu Deus, senhor da Justiça? Tua balança oscila, oscila, cai.


Um comentário:

Bípede Falante disse...

Também adoraria dar uma de louca. Mas não consigo e, se não consegui até agora, acho que não mais jeito. E, sinto dizer, mas se você também não pirou nas batatinhas até agora, não pira mais :)
beijoss