sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
alturas
Menino preto, sua pele é das alturas
das nuvens que me guardam em dias de chuva.
Embaixo delas é natural que eu sonha
com peixes velozes e mares profundos.
Seu braço magérrimo me acolhe, e é alheio
Seu beijo trágico são marés em desespero
E eu desço, cada vez mais fundo, cada vez mais longe
do que se pode lembrar que um dia foi inteiro.
Retalho-me em seixos, eu que nunca fui pedra.
E me deixo ir ao antepassado de mim.
Etérea, intermitente, como as velhas noites
que todos os cemitérios guardam na terra.
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3 comentários:
Eu um dia fui assim e senti tudo isso (parecido), com um menino preto, igual a mim...rs. Muito lindo e profundo. Parabéns, Ângela.
Lindo escrito, de doer...
Muito bonito, amiga alada. Bjs
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