segunda-feira, 4 de junho de 2012

um presente

Não gosto de - como dizemos na minha terra - me "amostrar", publicando coisas que acontecem comigo, mostrando nesse blog o que dizem, elogiosamente, de minha poesia. Mas o presente que recebi na manhã de hoje me deixou muito feliz: pois mais do que dizer de minha poesia disse de minha alma. Eu não sabia que minha alma desesperada produziria no olhar de alguém significados tão belos. Falo do poema de minha amiga Denise Magalhães, postado no blog http://vertigensclandestinas.blogspot.com e copiado abaixo:


A poeta
               (Para Ângela que me ensina a beleza e a liberdade, sem saber)

Houvera de andar, por aí
A colecionar detalhes
E tecer em versos
Raras minúcias
Fina agulha
No abismo mais temido da alma
Docemente atingida
Devassada
Sem saída
Houvera de andar, por aí
Escolhida pelas palavras   
Para o dizer
Mais improvável
Mais pungente
E provocar
Silenciosamente
O estranho grito de se ser
Houvera de andar, por aí
Com a força  latente da terra
Dos rios
Do mato
Impregnadas com suas garras
Na rebeldia de seus longos cabelos
Que ela esvoaça, por aí
Suavemente
E os bobos nem percebem
 Andar-aí.

Denise Magalhães

4 comentários:

Denise disse...

Querida amiga,fico muito feliz que tenha gostado do meu dizer,e obrigada pelo aprendizado, pelo contágio.
Bjo.

Lidi disse...

Belo poema, Ângela. E você merece todos os presentes. Bjs

Anônimo disse...

Quanto aos longos cabelos rebelde e propositadamente por ela esvoaçados, quem não é bobo percebe e até os acaricia das mãos com os dedos, como a compor uma demorada poesia tão boa de se sentir e tocar na hora de despentear.

Abraços,
Anônimo I

Sandra disse...

Merecida homenagem, parabéns Denise! Soube transcrever tão bem a bela mulher que a Ângela formou nesses passados anos.