Não sei quem me deixou aqui
onde não há água,
nem comida,
nem afeto.
Muitos falam de carma,
roda de reencarnações.
Portanto pergunto ao mundo:
meu coração sabia de tudo
antes de entrar no navio?
Meu coração foi auscultado
e visto por um grande telescópio?
Caso tenha sido, quem o conteve
de sair fugindo?
Quem o amarrou à proa,
como se faziam aos escravos?
Alguém à noite ouviu seu canto
desesperado,
seu banzo, sua febre, sua doença
santificada?
Meu coração sempre quis outras plagas,
não essas, de água contaminada
e pessoas usando branco pálido.
Meu coração quer a procissão dos anjos
e braços levando nos ombros os santos
com seus ares indiferentes, de festa.
Mas no exílio não há estética,
há ramerrão, e esse mundo, tenho certeza,
é velho e estúpido, sem esperança.
Nunca dá, por exemplo,
para sustentar uma prosa em verso
com os transeuntes que param
diante do sinal aberto.
Todos não estão preocupados
com as máquinas que os esperam:
será que elas degringolam
e enforcam suas crianças?
Sou muito mais o nonsense
para o meu coração enganado
levado num navio, às cegas,
aprisionado.
Aqui não tem nada:
comida,
afeto,
respeito.
Me deixem sair.
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3 comentários:
...traigo
ecos
de
la
tarde
callada
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...
desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ
COMPARTIENDO ILUSION
AERONAUTA
CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...
ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE THE ARTIST, TITANIC SIÉNTEME DE CRIADAS Y SEÑORAS, FLOR DE PASCUA ENEMIGOS PUBLICOS HÁLITO DESAYUNO CON DIAMANTES TIFÓN PULP FICTION, ESTALLIDO MAMMA MIA,JEAN EYRE , TOQUE DE CANELA, STAR WARS,
José
Ramón...
Já eu, Aero, começaria assim, "minha particular canção do exílio":
Minha terra tem asneiras em todo canto que há; as aves que aqui rapinam não rapinam como lá (rs).
Abraços,
Autoria: Gonçalves Dias e Anônimo I
"meu coração sabia de tudo
antes de entrar no navio?"
É um questionamento
que também me acompanha
e que, amiúde,
invade minha poesia.
Um abraço,
Doce de Lira
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