Toda mãe se reconhece como mãe porque repete mil
vezes a mesma coisa. A minha sempre repetiu, azucrinou, encheu o saco falando a
mesmíssima coisa: a gente na frente e ela atrás falando e repetindo. Por isso
nossa memória guarda tudo. Elas, as mães, eternizam nossa memória. Mas de todas
as repetições de mãe, não gravei as azucrinantes, gravei as mais adoráveis:
como aquelas em que ela se reportava a meu avô. "Porque papai tocava
sanfona", "Porque papai nunca me bateu", "Porque papai
queria que eu estudasse em Ponte Nova", "Porque papai era muito
alegre". Porém, de minha avó, sua mãe (ah, Freud...), não eram repetições
muito agradáveis: "Porque mamãe me fez criar todos os dez filhos que ela
teve", "Porque mamãe não deixou eu brincar quando era
menina...", "Porque mamãe não quis que eu fosse estudar em Ponte
Nova, disse que eu iria era aprender a escrever carta pra namorado"...
Terríveis essas lembranças, dela e minhas. Prefiro relembrar "Porque papai
me levava para as festas", "Porque papai me levou com ele para a
Lapa: é essa foto aqui, veja". Ouvi estas palavras e vi esta foto milhões
de vezes. Continuo ouvindo e vendo.
Eu me esqueci de uma outra repetição adorável: "Porque era papai quem cortava meu cabelo"
5 comentários:
Você e sua mãe: pura poesia. Amo. Bjs
Oh, Fifi... Não fala assim dela não!
Vocês duas têm sido adoráveis.
Muito interessantes seus textos sobre Dona Té.
Abraços,
Anônimo I
certa vez, no meio de uma sessão de psicoterapia, o psicólogo perguntou: "mas o que tem dentro de vc de sua mãe?"
Isso tem muito tempo e até hoje eu tento responder a essa pergunta.
Freud explica muita coisa, mas mãe é bicho complicado até pra ele.
Ah, nossas mães! :-)
Memórias, lembranças, as mães são eternas.
Beijos,
E como a vida se repete... Hoje, assim como mãe, tenho inúmeras lembranças maravilhosas com pai. E com ela? Ainda estamos nos conhecendo e tantando nos aceitar com nossos grandes e eternos amores por nossos pais que se foram.
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