
terça-feira, 13 de maio de 2014

Cotidiana

segunda-feira, 12 de maio de 2014

nem tenho paciência para colocar título nesse texto
Os primeiros índios que aqui moravam ao darem de cara com os primeiros colonizadores portugueses endoidaram com seus badulaques. Olhavam, tocavam. Podemos dizer que em primeira instância, óbvio,os portugueses foram muito dos bem recebidos. Restou-nos portanto como herança, a nós brasileiros pós achamento do Brasil, essa adulação com os badulaques dos estrangeiros. Basta, pois, uma criatura branca travar a língua, lá vai o povo adular. Basta uma criatura de olho claro pintar uma tela por aqui vira um grande artista. E por aí vai. Se eu pudesse enxotava um por um. Isso vale também para os estrangeiros do sul: quem vem daquelas plagas do sul do brasil e que se acha europeu e chega por aqui botando banca de bonito. Poderíamos nós cá do nordeste brasileiro mandar tudo se catar. E quem é tirado a artista, se catar primeiro: vão embora maleditos com suas telas de enganar besta e seus versos equivocados ganhando concurso do lado de cá só porque parecem gringos. O ideal seria botar esse povo todo num caminhão e mandar para o sertão mais seco do nordeste: sem água nem para lavar o sovaco. Aí sim iriam virar gente de verdade.
sobre minha casa
Em muitos países não existe essa de ter empregada doméstica. Estou refletindo muito sobre tais coisas nos últimos dias. Minha casa é pequena, e quero tê-la só para mim. E a moça que há dois meses vem todos os dias fazer comida, arrumar a casa, lavar roupas,esses quefazeres que uma casa exige, não fala comigo. Vejo-a sempre de costas na pia. Se falo com ela, ela responde de costas mesmo, grungunando. Como ainda não sei gerenciar uma casa, deixo por sua conta e risco o cardápio. E eu nem preciso adivinhar o que me espera na mesa: frango, um feijão mumificado, um macarrão já morto desde domingo, e que ela reaproveita, e uma salada sem qualquer estética. Perguntei a ela porque o frango não foi utilizado para omelete, e ela responde secamente, de costas, que eu disse que não gosto de gorduras. Replico dizendo que ela própria um dia fez um sem gordura. Digo, "você também poderia fazer uma panqueca". Aff, ela de costas repete: "panqueca". Por que, misericórdia divina, todo dia treino para despedi-la e na hora agá falta coragem? Todo dia digo pra mim mesma: de amanhã não passa. O que não passa é minha morredeira, já que a cama virou meu esconderijo; sim, me escondendo DELA; para não ter que vê-la.
Agora, nesse momento em que escrevo isso, vejo-a de costas sobre a pia. Tudo na criatura me enerva, me dá impaciência e infelicidade.
Penso: posso muito bem voltar a ter minha casa só para mim. Posso até aprender a cozinhar. Posso até aprender a gostar, quem sabe, e lançar um livro de receitas?
Uma coisa é certa: quero minha casa só para mim. Minha pia só para mim. Nunca, nunca ficarei de costas na pia. Eis o trauma. Lavarei um prato e olharei para a porta, em busca de alguém, alguém. Existe sempre alguém atrás da pia. É isso que treino dizer para essa moça no dia em que tiver coragem de despedi-la. E não vai demorar. Amém.

domingo, 11 de maio de 2014
de volta para o aconchego
Ser fiel a si mesma também implica sair de cena. Fechar a cortina por exemplo. Cortina rasgada, velha,como é a cortina do Facebook. Deixei aquilo lá, porque quero continuar fiel a mim mesma, e ali é teatro de quinta categoria. Saí por puro instinto de sobrevivência, senão iria morrer verde de raiva, em tempos do retorno de Hulk.
Volto sem poesia, mas com memória, que esta é a minha assinatura.
Volto com Andaraí, minha terra, na alma, pulsando, transcendendo uma mera topografia.
Ontem assisti novamente ao "Cascalho". Um primor cinematográfico. Volto então com Tuna Espinheira, com Herberto Sales, com a força dessas duas obras: literária e cinematográfica. Volto para meus discos, meus filmes e meus amigos.
Abaixo, os dois grandes artesãos: um da palavra verbal (Herberto) e o outro da imagem (Tuna Espinheira)
"


Assinar:
Postagens (Atom)