segunda-feira, 12 de maio de 2014

preciso sair da raiva e entrar no amor. Botar o facão do lado de fora da casa e cuidar de fazer um café quentinho. Esperar a noite chegar com um candeeiro e um radinho de pilha. Preciso aprender a dormir cedo e acordar juntamente com os pássaros. Recolher tarefas gostosas de fazer, abrir a janela do escritório e ler um livro de poesia. Seja lá onde estou, preciso voltar para a roça. Há um milharal grande aqui dentro, uma terra vermelha e pássaros pretos cantam que dá gosto. E quando a gente abre os livros - aprendi isso desde menina - a casa se enche de gente boa; gente interessante. A vida ganha sentido. Vou agora servir um café para meu querido Carlos Pena Filho. Que, coitado, desde sua ida tão cedo, aos trinta e poucos anos, na avenida Caxangá, nunca mais sentiu o gosto de um café fresquinho, coado em coador de pano. Lá no céu há café expresso, Carlos, meu querido Carlos? Acho um horror café expresso, Carlos, um horror.

3 comentários:

heloisa rangel disse...

Muito lindo! Aqui em casa usamos coador de flanela, o cafezinho fica bom!!!! Tenha bons sonhos!

aeronauta disse...

Obrigada, Ló! Bjos

ideia não tem a(ss)ento disse...

bonito, angela. bonito.