domingo, 2 de setembro de 2007

A Pasárgada de meu sobrinho

Estava doente, e meu sobrinho, que acabou de fazer dez anos, sabia que eu estava doente. Ele sabia que eu precisava melhorar. E a estratégia dele foi boa, inteligente, sensível.
Primeiro passo: ele me acordou. Ao meio-dia eu estava dormindo, e ele me telefonou.
Segundo passo: ele me disse assim:

"Titia, escute isso:

'... E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada' "

E no finalzinho do verso, no "vou-me embora pra Pasárgada", ele quis imitar a risada de Juca de Oliveira recitando o poema no cd que ouvimos juntos, há um mês atrás. Não agüentei: morri de rir. Aí ele disse que naquele momento estava lendo o poema no seu livro da escola, e que adorava encontrar poemas - que ele já conhecia - em outros lugares. E disse mais: que adorou essa parte de deitar na beira do rio e chamar a mãe-d'água... E imitando Juca de Oliveira, desligou com uma gargalhada: "Vou-me embora pra Pasárgada!"

Um comentário:

Anônimo disse...

Pierre;

Aeronauta, são tantos lugares para esta pasárgada, que a gente nem tem tempo para se alegrar, acho que a vida é feita de passagens...