segunda-feira, 18 de outubro de 2010

inscrição para os desesperados


Cavemos esse túnel. Cavemos até o mais extremo do fundo. Sei que não haverá fundo totalmente, só superfícies em camadas. Tentemos desfolhá-las, sem qualquer pudor. Seremos duas criaturas ignóbeis, imundas, com as roupas sujas de terra úmida. O importante, se quisermos alcançar, é prosseguirmos, abrindo a passagem cada vez mais firmes. Esfarrapados, pois que as pedras que se misturam à terra são pontiagudas, e rasgarão nossas vestes. Fedorentos, descendo, em momentos nem seremos mais criaturas: talvez mortos sem caixão, nauseabundos como dois fantasmas sujos.
Cavemos esse túnel, talvez lá embaixo estejam arcas fechadas, guardando as verdades que procuro.



Imagem: Filme "Eu não tenho medo" (2003), de Gabriele Salvatores.

5 comentários:

Bípede Falante disse...

Vou contigo!

M. disse...

Tenho experiência em cavar buracos. Dizem que é por conta dessa minha lua em escorpião. Ando muito corrida, você sabe, mas não deixo de pensar em você. Bjs.

Anônimo disse...

Onde assino?

Gerana Damulakis disse...

Em arcas há tesouros.

Lidi disse...

Posso cavar com você, Aero? Também ando procurando verdades, embora tenha uma leve impressão de que não as encontrarei. Bjs