domingo, 31 de outubro de 2010
lua em peixes
Sou do ar - mas tenho medo de altura. Medo não, pavor. Não entro em avião. Nem dormindo gosto de sonhar voando. A sensação, dentro do sonho, é sempre que vou cair. É isso: voar é sinônimo de queda. No entanto, vivo no ar. Nem é preciso, veja, terminar o raciocínio: vivo em quedas constantes. Mesmo caindo das nuvens e não do quarto andar - e aqui contrario Machado -, a queda é braba. Ando com as pernas feridas: as perebas se alastram, sem remédio. E os braços? Ficaram tortos. A pele é ressecada, pois que o vento acaricia quem cai, e carícia constante de vento dá ressecamento na pele - a ponto de envelhecê-la mil anos. Não, não caio no chão, é essa a fatalidade. Caio sempre em outro lugar.
Imagem: www.google.com.br
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5 comentários:
Aero, nesse queda livre rumo a um lugar sem nome, encaixo-me como se fosse uma pedra.
Lindo texto.
Beijos.
Lembrei de uma frase de desenho da Disney: Voar é cair com estilo.
Nada disso. Vc pode viver no ar, mas sempre subindo. Como um balão colorido.
Como diria Caetano Veloso: "O amor é um salto no escuro".
Esse outro lugar: dá um nó na cabeça!
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