terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

canção para as alturas


Tudo que sou é infância perdida. Anel de noivado doado ao centro; anel de casamento guardado na caixa, dedos vazios. E se a hora de morrer for a mesma coisa que uma cócega, uma grande cócega nos pés? E se eu rir demais nessa hora? Ah meu amor, que posso eu fazer com o tempo, que corre em direção oposta? E com essa música, que insiste em tocar tão rápido? E com essa navalha, sempre indo goela abaixo? Que posso eu fazer com essa vida metida a besta, que traz o nariz empinado, olhando sempre para o alto? Para o alto, sim, amor, onde estão todos os mortos.


Imagem: castillo nas alturas. site: kokuaportugal.com

2 comentários:

M. disse...

Você sempre acerta em cheio. Bjs.

Bípede Falante disse...

Também não sei a resposta!
beijo