quinta-feira, 4 de julho de 2013

Para Maria Sampaio, o texto de número 1000


No dia 4 de julho de 2007 abri essa casa. Tinha medo da terra, assim como continuo tendo, mas resolvi sair um pouco do ar e flanar no mundo. São seis anos de vagabundagem pelas vielas, ruas e avenidas desse lugar chamado internet. E esse é o texto de número 1000. O que significa escrever mil textos num espaço de  seis anos? É verdade que passei algum tempo distante, escrevendo em outros lugares, mas também é verdade que fui fiel a mim mesma, não me deixando à deriva em alguma nuvem e não voltando mais. Por que é muito melhor voar numa nuvem do que tentar ajustar nosso corpo compacto numa cadeira e escrever teclando. É melhor escrever imaginando e o imaginário ser o próprio texto, livre de convenções e traumas: deixar finalmente o inconsciente berrar, sem armadilhas de ego e muito mais do superego. Mas o ego existe na escrita, assim como id e superego. O superego eu trato sempre de domá-lo no texto; tanto que depois de muito tempo sem me identificar por causa da opressão desse maledito superego, um dia fui lá e disse alto para todos ouvirem: meu nome é Ângela Vilma! Portanto, dei pancadas no superego. Assumi que habito um lugar no mundo e não me chamo apenas Aeronauta: porque além de nuvens tolero flanar na Terra.
Na blogosfera, que hoje proclamam estar fora de moda, fiz amigos inesquecíveis. Cito uma, representando todos os outros: Maria Sampaio. Essa mulher, grande mulher, a conheci numa tarde junina quando, dentro de um apartamento em Salvador, sozinha, escrevia sobre lembranças do São João de minha infância. E aí ela surgiu do outro lado, começando uma grande, mas infelizmente breve amizade. "Ô essa menina", como esquecer isso que ela dizia? Ou então: "Vivá!'
Maria Sampaio, alegria de todos nós. Dedico a você, minha querida Maria, esse texto número mil, por que você sempre significará a magia da blogosfera.
Tenho certeza de que hoje você deve estar sentada agora na nuvem mais fofa do céu, olhando para a Terra e rindo, me perguntando se o Santo Antonio que trouxe pra mim de Pádua já  fez o seu trabalho de me arrumar "o" namorado... Isso só te responderei quando nos reencontrarmos.

9 comentários:

M. disse...

Viva você. Viva Maria Sampaio. Viva o Aeronauta. Bjs, parabéns!

RABISCOS disse...

Que maravilha de texto. Parabéns Ângela.

Bernardo Guimarães disse...

Que bela homenagem à prima! Nunca vou esquecer o dia em que ela me telefonou quase de madrugada para me dizer sussurrando no telefone: - "primaldo, descobri quem é a Aeronauta, é Angela Vilma! não é uma maravilha"? e eu: "só não entendi porque tá falando tão baixo"...do outro lado veio uma gargalhada que ouço até agora...

aeronauta disse...

Que saudade dela, Bernardo, que saudade!

aeronauta disse...

Obrigada à M., à Abigail e à Bernardo. Bjos

Carlos Barbosa disse...

Nada como uma nuvem após a outra, desde que não seja atômica, claro. Nuvem dá sombra e água boa, quando não resolve cascatear. Nuvem já foi passageira, já passou branca, mas Aérea Persona não é de passar em branca nuvem, crava seu facão textual com precisão e brilho, sem ser cirúrgica. Abraços, Ângela, abraços e tudo de bom em sua vida. (carlos barbosa)

aeronauta disse...

Obrigada, Carlos, por essas belas palavras, pelo apoio e leituras constantes de meus textos. Um abraço.

Muadiê Maria disse...

gosto muito de fazer parte de toda essa história.

Anônimo disse...

Ângela, mergulho em seus escritos e saio renovada dessas nuvens.

Obrigada.


Camila Carmo