quinta-feira, 31 de março de 2011
vagabundo iluminado
Tudo nele é natureza que corta, espinho nos pés, pés no chão, roupa rota. Dentes que não vêem escova, cabelos desgrenhados, corpo à mostra.
Tudo nesse homem é vida que não estanca, alucinação por estar vivo, silêncio que se furta. Dentes rangendo na noite, com a força dos loucos.
Como Riachão, enche os dedos de anéis. Pendura brincos nas orelhas como um pirata. Já teve dias de ficar nu/ como só um índio ficaria. Xamã maldito, salva meus dias.
E como é preguiçoso! Deita-se e não dorme. Muito menos sonha, apenas encarna Quixote, lívido e magro, sozinho, rindo a sabedoria torta, a sabedoria dos anjos que não se importam/ com nada.
Descalço, sempre sujo, atira-se em meu lençol de linho.
Devasso e vil, invade a minha raiva esquecida.
Por isso lhe mordo o braço, lhe faço feridas
que jamais alcançarão sua pele mais funda.
Sua pele negra, iluminada,
que nunca sangra às minhas mordidas.
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9 comentários:
Guria, adorei esse homem :)
beijos
aeronauta,
admiro absurdamente o seu texto.
muito muito bonito
Belíssimo. Inspiradíssimo. Como sempre.
Belo belo texto! Uma nova Dulcinéia?
Rico personagem. Seu texto daria um curta dos bons.
amiga querida, saudade contando os dias para ver-te, flanando iluminada e vagabunda... beijos.
O mundo tem suas perfeições, mas, os tortos tem seus valores.
Quando os conhecem ai... é formidável!
Belo belo!
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