quarta-feira, 9 de novembro de 2011
abandono
Esta casa está sendo, aos poucos, abandonada. Dizem que é necessário mudarmos de casa, de preferência de três em três anos. Já tive vários convites para deixar esta e me mudar para o facebook. Mas sou por demais apegada a casas antigas, com cheiro de abandono; com teias de aranha pelas paredes, copos empoeirados na cristaleira, e roupas envelhecidas. Esta é, pois, uma casa antiga. As janelas emperraram-se e acredito que terei de ter bastante força para conseguir abri-las. O mato tomou a varanda que antes era diáfana, com cheiro de jasmim. Os jasmins morreram, um a um, perante o desconsolo do silêncio. Nunca, ninguém mais veio aqui: só um ou outro, desses que insistem em manter dentro do corpo essa coisa longínqua que é a memória, passam e jogam, pelo alto, um bilhete preso a uma pedra. Há muito cheiro de tempo, e, dentro dos armários, fitas amarelecidas amarram caixas sonâmbulas. Daria tudo, meu Deus, tudo, para que essa casa voltasse a ser habitada. Por isso fico rondando-a, em dias de frio como esse, em dias de chuva, buscando a chave esquecida por mim em algum lugar.
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18 comentários:
... não te abandono, jamais...
Ei, vá la no meu blogue. Bjs
Um passarinho me disse que essa ave rara de tanto talento e poesia fez aniversário. Parabénssssssssssssssssssss :)
beijosss
M., tão lindo seu presente! Amei. Obrigada.
Bípede, obrigada também.
Abandonar a casa? Não faz isso!!! Eu estou sempre te visitando escondido, venho em silêncio...
Aérea Persona, parabéns pela casa e pelo aniversário. Lapidamos daqui os diamantes que são piso e paredes deste seu belo espaço. Parabéns, e venha sempre aos nossos abraços. Abr. (carlos barbosa)
Aero, esta tua casa esta sempre habitada, ainda que apenas alguns comentem, tenho certeza. Pode alugar um apartamento no Facebook, de preferência vizinho ao meu, mas se mudar para lá e abandonar essa casa aqui, pelo amor de Deus, não. Bjs
*está sempre habitada
São muitas as casas abandonadas Aeronauta, gosto de andar por elas de vez em quando. Não me importo que esstejam abandonadas, como a minha, o importante é que a porta esteja sempre entreaberta pra gente entrar, olhar, futucar, relembrar. Gosto muito desta sua casa, antiga, persistente, verdadeira. Se ela se fechar, quem vai me chutar o estômago de vez em quando? Quem vai me lebrar sempre das banalidades deste mundo, do que é essencial?
Fosse um navio... Não há como comparar essa casa com qualquer coisa no Facebook. Lá não se aluga sequer uma mísera quitinete. Lá é como habitar um banco numa plataforma de trem, os olhos quase se fechando de ver passar as mesmas composições que seguem o mesmo itinerário, e, embora haja muita gente na plataforma, a maioria não leva bagagem alguma realmente interessante, e quando levam é remetendo para o link de algum site ou blog. Estou já meio cansado de estar por lá. Além de escrever algumas bobagens em espaço limitado, o que faço é por links das postagens dos meus blogs. O resto é ficar garimpando alguma coisa boa entre clichês e frases feitas e lamentar um bom tempo perdido. Curiosamente, admiro aqueles que se mantém nos blogs e não cedem a certo fascínio. Na verdade nem sei porque uma coisa esvazia a outra, mas desconfio que é porque o que a maioria procurava nos blogs não era propriamente leitura de conteúdo, mas algum tipo de interatividade incipiente enquanto não aparecia algo supostamente melhor com essa função. Ando a pensar que se é uma rede social, deve haver algum pescador, mesmo que seja um que se finja de benevolente, concedendo aos peixes um último desejo.
Abraço, sempre com admiração.
Eu venho aqui quase sempre. Você que me abandonou! Mas tirando essa coisa de abandono, teus textos jamais perderam a qualidade. Os meus, ao contrário, apodreceram, tinham data de validade.
Você e eu começamos nossos blogues com o design igualzinho. Eu mudei inúmeras vezes, você o manteve até hoje. É o conteúdo que vale e o seu é um desperdício não ser divulgado. Já que você não vai pro facebook, me permitira divulgar links dali para cá?
Bj
Chorik, os seus textos estão cada vez melhores; eu é que ando numa correria tão grande que fico lhe devendo visitas registradas (sempre entro, apenas não registro as entradas).
Com relação à divulgação, claro que pode. Bjos.
Marcantonio,
O facebook nunca me seduziu. Acho estranhos aquele monte de retratinho pequeno e aquelas mensagens miúdas sem sal. Grande abraço.
Parabéns com atraso. Minha querida poeta, vc é única e sua casa, tal como a dona, também. Seus textos são incríveis e vc sabe disso.
AV: felicidades mil. Receba um beijão e toda a minha admiração.
Gerana, obrigada. Você é uma pessoal muito especial pra mim. Bjos
Não saio daqui nem com ordem de despejo! Passo por aqui todos os dias. Estou no facebook de passagem...Bjos maravilhosa!
Posso te parabenizar ainda?!rs... Acho que bons fluidos e boas energias devem ser sempre bem vindas. Por isso, te desejo uma vida leve, porém intensa, como acredito eu que sempre o é, pois alguém que representa tão bem os sentimentos que constituem o ser humano jamais será rasa. Tenho uma imensa admiração por seu talento e sensibilidade. Parabéns.
P.S. Uma pena não ter tido o prazer de vê-la na Bienal. Infelizmente, por conta de compromissos, só pude estar lá por dois dias, os quais você não estava. Talvez contigo, eu vivesse aquela experiência de fã, quando encontra seu ídolo. Grande abraço Ângela.
Oi, Sandra, obrigada por tanta atenção e carinho, e pelas felicitações de aniversário. Também quero muito te conhecer pessoalmente. Na Bienal teria sido uma boa oportunidade. Bjos
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