sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

a cantilena de sempre


É verdade que apenas um número é acrescentado no calendário; mas já fizeram tanto fuzuê com isso que a data não é qualquer data. E não é mesmo. E quem diz isso é uma pessoa que já passou muitos reveillons dentro de casa, sozinha, só para mostrar que esse dia é como outro qualquer. Mas infelizmente não é. Nosso imaginário já foi tocado, agora já era. Há uma expectativa, queira ou não, com as contagens de segundos, aquela baboseira toda. Mesmo dormindo, creio que na passagem entramos em expectativa. E sempre dá um friozinho na barriga ao se tentar imaginar o que o "ano novo" nos traz. Já passei duas vezes pela carta do Enforcado, duas vezes pela carta dos Enamorados, uma vez pela Roda da Fortuna. Não sei qual a minha carta desse ano que está chegando, aliás, que começou no dia de meu aniversário, mas precisa ser a Temperança. Já chega, meu Deus, de tanto desespero, de tanto ranger de dentes, de tanta fúria. Preciso aprender a ser suave, a acolher com leveza o universo. Por que não aprendo a lição de Cecília? Oh, minha santa de olhos verdes, ensina-me a acolher as dores com as mesmas mãos que tocam, com amor, os livros.
Parece que não aprendo nada com o passar dos anos, do mesmo modo que dentro de mim parece que continuo com a mesma idade.Incrível como o nosso tempo mais interno é imóvel, perene, impermeável.

4 comentários:

Naiana P. de Freitas disse...

Aeronauta,
é isso a expectativa! já a desafiei usando roupa preta na adolescência nessa passagem de ano, aterrorizei minha mãe, dizia: não vai acontecer nada diferente,nada ruim mas me tremia por dentro..risos. Para sanar a expectativa floreio minha mente com leituras astrológicas, quiromancia, numerologia, cores...depois comparo tudo,acho engraçado e no fim sei, continuarei muitas coisas em 2012..em novas datas..com novas cartas de Tarô. Que a suavidade seja sua companhia em 2012!! uma pergunta: a Cecília é a Meireles? abraço apertado!!

aeronauta disse...

Naiana, também olho todas as cartas possíveis, até na internet. Cecília é a Meireles mesmo, minha santa preferida. Bjos, e nada de desafiar o ano, hein? (rs)

Lidi disse...

Ângela, que Deus escute as tuas palavras e as de Chorik. Obrigada por tudo, minha amiga. Saudades de você. Que possamos nos ver com mais frequencia em 2012. Bjs

Sandra disse...

"Parece que não aprendo nada com o passar dos anos, do mesmo modo que dentro de mim parece que continuo com a mesma idade.Incrível como o nosso tempo mais interno é imóvel, perene, impermeável." Essa Ângela, acredito eu, é a principal característica dos que estão sempre abertos a amar. São capazes de sentir os mesmos sentimentos, as mesmas agonias, os mesmos prazeres, as mesmas dores, mesmo que com pessoas diferentes, em lugares diferentes e em outro tempo. Ao invés de se reinventar, com sentimentos novos, a cada momento, é muito bom também se portar da mesma forma sempre, com pessoas diferentes...parece que não envelhecemos, nos sentimos ainda jovens estando porém com muitos anos lineares. Se reinventar na mesmice é bem mais difícil que na diversidade. Só a pessoas ímpares como você, esse feito pode ser possível. Grande abraço.