domingo, 4 de dezembro de 2011

"Este livro"


Sim, fiz de minha vida literatura. Tudo o que vivi e vivo vem de algum livro. Por isso nota-se em transparência nebulosa essa minha contínua propensão ao sonho, a suspender sempre e sempre a incredulidade, a ir de olhos fechados. Tudo, até uma cadeira amarela que ponho na sala vem de uma lembrança esquecida, lembrada de uma página. Tudo, tudo o que sou, não é o que sou, é o que li; por isso essa dificuldade em aceitar a verdade, a verdade do que eu poderia ser. Sou de fato o que li nos romances, nos contos, nos poemas. As pessoas que de mim se aproximam, se adensam em cores e perfumes fortes, em madeleines, em imagens, em sinestesias mentirosas, tudo criado por meu corpo simbólico, reverberando no mundo.

5 comentários:

Adriano Alves disse...

Deslumbrante, sublime, Ângela Vilma.

maray disse...

existe um ditado ou um bordão - não sei como classificar - talvez um clichê, que diz que a gente é o que a gente come.

eu também me alimento e aos meus sonhos de literatura. E me faz um bem enorme. Ótima dieta.

bjs

Naiana P. de Freitas disse...

Como queria fazer de "minha vida literatura!" suspirei.. e dizer "este livro" sou eu!
Lindo,lindo!!

abraços!!!

Naiana P. de Freitas disse...

Ângela Vilma!

Senti o seu "Poemas para Antonio".
A professora Mônica trouxe para mim,
me emocionei muito muito muito com todas aquelas palavras!

abraço apertado!
Muito lindo e doce e continuei com a sensação de estar acompanhada!!

Gerana Damulakis disse...

Mas nós somos realmente o resultado de tudo que vemos, ouvimos e lemos. É assim mesmo, não tem saída, cada um com sua tendência - nós com a literatura.