domingo, 4 de dezembro de 2011

descoberta do mundo


Os finais de tarde de domingo são reflexos de um mar vazio: as águas foram para os lagos, para os rios distantes; ficou no lugar um vasto oco, profundo, profundo, e o mundo inteiro caberia nele, numa espécie de naufrágio coletivo. Mas há gente feliz nesse momento: saindo do cinema, tomando um guaraná, uma coca zero, uma coca litro. Enquanto que do lá de cá a vida é besta mesmo. A vida é besta, meu Deus, e esse crepúsculo confirma que tudo existe em estado de suspensão, tudo flutua, mas não se denuncia; somente as nuvens são sinceras: somente elas jamais disseram o contrário.

2 comentários:

Adriano Alves disse...

Pois é, Ângela. Aí está a nova vida de sempre. Vida imensa, vida vaga, vida nua. Tal como a existência a vida segue seu curso, sem sentido.

Um forte abraço.

Lidi disse...

Sim, Ângela, você está certa. Drummond estava certo. A vida é mesmo besta, numa "cidadezinha qualquer" ou em qualquer lugar. Ainda mais aos domingos. Saudades. Bjs