Um dia se cansa de insistir no amor. As delicadezas dos bordados em iniciais se esboroam, os enxovais viram pano de chão, e a gente vai arrumar o que fazer. Os momentos bons seguem para o álbum de figurinhas, e a espera que o tempo se instale, corrosivo, colocando pó nas lembranças, é o que o corpo cansado deseja, com insistência. Depois, a ampla, a grande, abundante solidão. Solidão inteira: de casa grande sem eco, de pratos sem bocas, de redes paradas. Depois, o sono, a letargia, o abandono. Sim, porque todo amor que acaba deixa a sua marca de abandono dilatada. Por que todo amor que acaba é de um mau gosto e de uma dor insuportáveis. Por que o amor sempre pede muito e não dá nada, nada, nunca.
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5 comentários:
Texto lindo demais. De uma beleza pungente, dolorosa, verdadeira. Bjs
porque aeronautas não estão na lua. estão no interior do eu.
grandioso!
Acho que o amor é mesmo dado a empréstimos.
Beijoss
"O amor é como um laço. Um passo pr'uma armadilha"...
"O amor é bandoleiro. Pode até custar dinheiro. É fulô que não tem cheiro e todo mundo quer cheirar"...
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