sábado, 1 de dezembro de 2007

Rimas desagradáveis

Sempre amei muito. E sei que ainda tenho uma propensão grande para amar. Mas o amor é algo tão difícil que aos quinze anos eu já dizia para mim aquele poema de Drummond: "Carlos, sossegue, o amor/ é isto que você está vendo:/ hoje beija, amanhã não beija"... etc. E completava, à maneira minha e do poeta: "Aeronauta, sossegue","depois de amanhã é domingo/ e segunda-feira ninguém sabe o que será". Cruel esperança, essa do amor. E repito o que disse Mário de Andrade no conto "Vestida de preto": "Minha impressão é que tenho amado sempre..." Frase simples, mas que desde a primeira vez que li me causou um impacto enorme. Sabia, secretamente, que essa seria a minha verdade mais íntima e dolorosa.
Isso tudo porque aquela história de dizer que o que vale a pena é só amar sem esperar amor de volta é apenas uma história bonitinha e inverossímil. Eu amo e quero amor de volta, sim... Por que senão como sobreviverei? Morrerei de fome, morrerei triste e perdida, chorando igual a uma condenada...
(Nesse instante me lembro de uma coisa risível: aos onze anos eu tinha um caderno de pensamentos, rimazinhas pobres, versinhos bobos, e um deles dizia: "amar e não ser amado é melhor morrer crucificado" (ah, ah, ah). Toda vez que me lembro desses pobres versos me dá vontade de rir. Puxa, eu, aos onze anos, com um gosto miserável para a poesia, já acreditava nessa verdade secreta, e mal-formulada em rimas tão desagradáveis...)

2 comentários:

Anônimo disse...

O amor está em tudo e em todos, não temos pq procurá-lo se está dentro de nós

Anônimo disse...

Seu desejo é uma ordem, blog atualizado! bjao Nauta!