Li, uma certa feita, Harold Bloom dizendo numa entrevista algo muito interessante, e que era mais ou menos assim: decore poemas como você decora orações, e sempre fale para você mesmo em todos os momentos, seja os difíceis e os maravilhosos. Quando li esse conselho, lembrei que eu já fazia isso há muito tempo, desde que me apaixonei pela poesia. Decorei principalmente "Consolo na praia", de Drummond e falo para mim, constantemente, bem baixinho, em qualquer lugar: no ônibus, na fila do banco, na rua, sob a chuva e sob o sol...
Me vem agora, de lá das bandas de Pernambuco, esses versos de Mauro Mota:
AUSÊNCIA
Vestias diante do espelho
o vestido de viagem,
e o espelho partiu-se ao meio
querendo prender-te a imagem.
Prendo esses versos na memória e vou soletrando palavra por palavra. Lá fora a chuva veio fora de hora. É sábado. Tudo fica em estado de alerta para ouvir o poema que minha memória recita.
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4 comentários:
sempre recito para mim, nas horas mais complicadas, um trechinho do poema de Ferreira Gullar:
Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade, pequena.
Olá, novamente!
Também adoro poemas. Que dom esse dos poetas não é mesmo?! Um fato curioso é que a maioria deles tiveram uma vida sempre tão curta e triste. Pq será essa infeliz coincidência?
Ultimamente tenho lido os de Pablo Neruda.
Bj.
Que lindo esse poema!
Bjs
Vou adotar esse habito pra 2008!
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