domingo, 20 de abril de 2008

"Peregrina paloma imaginaria"

Jorge Luis Borges nos fala da suficiência do verso por sua própria existência, não como plenitude de sentidos. Diz que alguns versos "não são destinados a ter nenhum sentido", e subsistem apenas por ser "belos".*
Nós temos uma mania de procurar sentido nas coisas, principalmente na arte; rastrear significações, pontuações, tudo. Enquanto que o ideal é que ficássemos calados, sentindo apenas. Como nos sugere Borges com esses despretensiosos versos de Ricardo Jaimes Freire, poeta boliviano:

Peregrina paloma imaginaria
Que enardeces los últimos amores
Alma de luz, de música y de flores
Peregrina paloma imaginaria.


O que significam? Faço eco a Borges:
"Não significam nada".
São maravilhosos.

*BORGES, Jorge Luis. Esse ofício do verso. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

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