Jorge Luis Borges nos fala da suficiência do verso por sua própria existência, não como plenitude de sentidos. Diz que alguns versos "não são destinados a ter nenhum sentido", e subsistem apenas por ser "belos".*
Nós temos uma mania de procurar sentido nas coisas, principalmente na arte; rastrear significações, pontuações, tudo. Enquanto que o ideal é que ficássemos calados, sentindo apenas. Como nos sugere Borges com esses despretensiosos versos de Ricardo Jaimes Freire, poeta boliviano:
Peregrina paloma imaginaria
Que enardeces los últimos amores
Alma de luz, de música y de flores
Peregrina paloma imaginaria.
O que significam? Faço eco a Borges:
"Não significam nada".
São maravilhosos.
*BORGES, Jorge Luis. Esse ofício do verso. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
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