sábado, 19 de abril de 2008

É quase maio

Vai estar sempre mesmo faltando algo. Viajo, vou para além das montanhas, mas sinto falta. De alguma coisa desgarrada de mim, que nem sei o que é. Vou conviver com esse espaço em branco até a eternidade. Lá, na ausência de tempo, talvez eu não sinta mais tal lacuna, e sobrevoa os campos, cidades e pessoas sem precisar sustentar esse vácuo. Pois imagino uma eternidade repleta de leveza, nem eu vou me sentir... vou ser pluma, sem precisar pensar em qual direção seguir... O dia não será mais peso, tudo será eternidade: relógios não mais existirão... Mas até eu chegar lá, é preciso todos os dias conviver com esse negócio que falta e dói, e que nem eu mesma sei o que é.
Será Deus?
O que será Deus?
Tanto desenhamos Deus como homem que não conseguimos enxergá-lo fora dessa limitada imagem humana.
Deus será um sopro bem leve no nosso ouvido?
Um cheiro de café, num finalzinho de tarde?
Ou será algo macio, mas tão macio como um estado de alma?
Ou algo tão gostoso como um tablete de chocolate meio amargo?
Ou nada disso, nada disso, nada disso?
Apenas será um buraco dentro da noite? Onde eu sempre caio?
Ah, Deus, diga-me logo, é quase maio, e o Mundo pode acabar em fogo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Deus é tudo isso e mais um pouco

Anônimo disse...

"Abril é o mais cruel dos meses...", por isso pesa. Que venha maio, que venham meus 50 anos, as mães, as noivas, a cambulhada toda. Seremos em maio o fogo que o mundo necessita para melhor mover-se. Somos Deus. Abr. (carlos)