sexta-feira, 11 de junho de 2010
ferrovia
Ele vestia uma camisa de listras.
E passou o nariz nas minhas costas.
Eu no seu colo, como se fosse filha.
Nua, meu vestido me despia.
E as mãos dele na minha cintura cindiam
As veias entorpecidas naquele dia.
Era dura a sua calça, de um jeans antigo
E acolhia minhas nádegas como trilhos
De uma ferrovia – áspera e descalça.
Era farta a sua promessa, entrega ávida
Nos dedos que invadiam meus cabelos,
Apagando e escrevendo poemas velhos.
Era mesmo de graça o momento eterno
Que eu registrava com meu corpo no seu colo,
Asfixiando a morte, os demônios, o mundo todo.
Imagem: "Trilhos", por Álvaro João Pressanto.
(www.flickr.com)
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8 comentários:
Tercetos de fina maestria, cada evolução rpoduz uma música de impar sonoridade.Lindo poema!!!
Quem diria que uma camisa de litras já bem gasta pelo tempo, pudesse levar a conhecer o trilhos de uma ferrovia? Belissima poesia. A ferrovia parece representar a rigidez de algo que pode machucar mas pode dar prazer, além de ser o caminho que pode nos levar ao desconhecido ou reviver o já vivido.
Este vai pra minha sala de aula. Lindo!
Ah! Agora te vi como locomotiva. Ou uma louca emotiva? Vixe, que trocadilho infame!
Você tem uma qualidade rara. É boa de prosa e verso, Aero. Sigo cada vez mais admirado.
Nossa, que beleza e que força erótica no tão somente sugerido. Amei!
Sensual, sim: o que demonstra a versatilidade da sua poesia! Massa!
Quanta paixão escapando por entre as palavras!
Lindooo.
Lindooooo!
lindo, Ângela, lindo
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