terça-feira, 31 de agosto de 2010
simplesmente
Já andamos pelas ruas de braços dados; eu com uma imensa saia rodada, você com o velho e conhecido paletó. Falávamos de nossos filhos crescidos, dos sortilégios que a velhice prenuncia e do último poema de Jaime Ovalle. Grave você ficava ao recitar versos, numa solenidade presunçosa de quem sabe que logo logo irá morrer. E foi na rua do Ouvidor que você se lembrou de uma velha ladainha da infância, cantiga que seu avô cantava para sua avó. Cantiga triste, amorosa, definitivamente perdida, soando na calçada, lépida, ligeira, para se acabar na eternidade. Depois você falou de uns folguedos, de umas histórias de província, e do desejo de ver Carlito. Ali, naquelas ruas, com tabuletas nas portas e pessoas indo e vindo.
Imagem: Capa do livro Coleção Melhores Crônicas de Manuel Bandeira. São Paulo: Global, 2003.
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7 comentários:
Sensível percepção. Fez-me lembrar de um conto de Virginia Woolf, Kew Gardens, pela forma como você descreve, belissimamente, a cena.
Abraço, e não fique curiosa. "O que é um nome, Romeu?" Lembra Romeu e Julieta?
Bem bandeiriano.
aero: passei um e-mail para vc. pedindo para verificar o endereço do blog de Marcus, mas vc não respondeu; eu tento entrar no blog e mostra tudo branco.
Angela,
A K.B que escreveu o comentário sobre seu livro e a perda do lançamento, é homônima da Kátia Borges, jornalista (que tb admiro mto). Sou educadora e psicóloga; via Nilson e Marcus Gusmão, cheguei até vc: grande tesouro!!!
Oi, Kátia, sabia que era você, de fato. Pois Kátia quando escreve põe Kátia Borges. Por isso te pedi para me escrever; preciso mesmo falar com você: angelavilma@yahoo.com.br
depois de ler seu texto, passei o dia com a canção "te vi" do disco fina estampa, de caetano:
..." e simplesmente, te vi."
corra pra ouvir!
acho que o titulo da canção é " un vestido y un amor" posso estar confuso mas é esta musica que se ouve no seu conto, é ela!
Oi, Bernardo, essa música é linda!
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