segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

a água mais morna


No inventário, trinta diários.
Aos quinze anos, dentro de um aquário,
escrevia com a água mais morna
os dias sem glória.
Nas linhas, o obituário da cidade,
Clamar os dias com sol e sem sol,
com chuva e sem chuva.
Sem saber, fotografava o insípido,
o que não se destrói com as traças,
o que é vivo, nem se curva - para o fim.
Uma menina sem mim, o que eu era.

8 comentários:

Anikulapo disse...

"(...) Aos quinze anos, dentro de um aquário, escrevia com a água mais morna os dias sem glória (...)".
Os dias sem graça que vivemos colocados em uma imagem poética, recortados das lembranças e memórias remontadas em linguagem artística
"( ...) Nas linhas, o obituário da cidade, Clamar os dias com sol e sem sol, com chuva ou sem chuva(...)" Uma tela pintada com dedos de poeta, que"(...)Sem saber, fotografa o insípido, o que não se destrói com as traças(..)" A poesia em sua plenitude de beleza e simplicidade, que traz "(...)o que é vivo,nem se curva - para o fim(..)". "(...) Uma menina sem mim, o que eu era(...)". Um menino sem você, o que eu sou. BELO, POETISA!

Adriano Alves disse...

Eu suponho, Ângela, que escrever seja sim uma "pulsão de vida 'e' de morte"; uma forma de tecer a existência - esse vazio indefinido. Escreveré, também, a forma pela qual o espírito ganha um brilho definido, como nos ensina o grande poeta. E esta "água morna" é "tudo que não se encontra" neste "Planeta vazio". Por isso tua escrita enche de beleza o meu mundo.
Li tua tese sobre o saudoso poeta Herberto Sales, uma obra prima. Parabéns! E obrigado por nos presentear com o teu olhar sobre a obra do artista.
Obrigado também pelo comentário; na verdade, algumas pessoas muito especiais têm contribuido muito. Dentre elas, você, que, por sinal, tenho lido com frequência.

P.S. Desculpe-me pelo tamanho da mensagem; se você puder, e quando puder, me forneça o teu email, por favor. O meu é falecom-adriano@hotmail.com

Gerana Damulakis disse...

Minha flor: aproveitarei que acabei de fazer a leitura de um poema tão incrível para desejar muitos e muitos poemas assim maravilhosos.
Saude e paz!
E, claro, um beijo enorme.

Anônimo disse...

Saudades brutas de você, tão delicadamente bruta no seu poema. Aguardo autorização para postá-lo no meu facebook!
E aproveito também para te desejar um bom Natal, o melhor possível, Ângela. Bj
P.S. - Não consigo escrever a carta, porque não quero lamuriar, quero alegria e alegria está rareando, rareando...

aeronauta disse...

Anikulapo: você é um menino que terá a mim, sempre. Obrigada pela beleza da análise.
Adriano: escreverei sim pra você.
Gerana: que saudades de você. Meu abraço de felicidades nessas festas de fim de ano e início de outro.
Chorik: você nunca precisará me pedir autorização para publicar textos meus no seu facebook. Pra mim é uma alegria isso. Também estou com saudades. O melhor Natal do mundo pra você. Bjos.

Carlos Barbosa disse...

Aérea Persona, estamos viajando para terras do Serigií, ou coisa assim. Estamos também com muita saudade de você, que ficou de vir e não veio, mas virá, estamos certos. Deixamos abraços, os mais ternos abraços, e nosso afeto aquecido pela distância. Viaje para o amor, sempre. Festeje o amor, sempre. Inté, grande amiga. (Mônica e Carlos Barbosa)

M. disse...

Mulher Alada, estou aqui pra agradecer por sua presença em minha vida, por sua amizade tão iluminadora, por sua existência poética. Já estou em Lagarto, mas em breve nos veremos, espero. Beijos, com muito amor e saudades.

Denise disse...

Belo escrito, bela a sua pessoa!!Que bom que este ano fui presenteada com a sua ímpar amizade.

Abraço, muita vida e tudo o que ela implica.