Roxa era preta
e morava na minha rua
com sua prima Bela
que não era preta nem branca,
mas dona de uma cor antiga.
Rezavam toda a semana
para cada dia um santo
que elas bem conheciam
do almanaque Sadol.
Todos os dias da semana
a entoarem orai pro nóbis
a estourarem foguetes festivos
a servirem canjicas de milho.
Mesmo meninas ainda,
lá estávamos, todas as noites,
rezando, entoando preces
ardorosamene sentidas
em cada milho da canjica.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
É, Ângela,
Haja prece e canjica pra salvar nossa terrinha!
Até no apelidamento (se é que esta palavra existe) das pessoas Andaraí é contraditória.
Como bem lembrou você, Roxa era preta; Bela até podia não ser a fera, mas bela também não era; Socorro nunca socorreu um vivente sequer; Pequenita era uma das mulheres mais altas da cidade. Certa feita até importaram uma Maria D`ajuda, que, no alto do seu pedantismo, não dava importância pra ninguém. Em tempos mais remotos, teve um dito Louro Rico, um pobre contador de causos, animador de velório; o Mudinho é o homem mais fuxiquento da cidade; Ceguinho dava conta de tudo que acontecia nos arredores, com riqueza de detalhes, como poucos de boa visão.
E de tanto astuciarem coisa, me elegeram um tal Cardoso, que pra caridoso só lhe faltaria uma letra no nome, mas pra generoso carece o alfabeto inteiro no homem.
Portanto, haja prece e canjica pra salvar nossa terrinha!
Abraços,
Anônimo I
Oi, Anônimo I, adorei seu comentário que na verdade é legítima literatura. Nunca havia pensado nessas contradições nos nomes de nossos ricos personagens andaraienses. Pequenita era altíssima, de fato!(rs)
Abraços.
Postar um comentário