a minha casa, por exemplo, não tem comida.
a minha casa não tem xícaras,
a minha casa não tem nada.
jardim? não, as folhas são secas
e as pedras que lhe enfeitam
vegetam, inanimadas.
Quase tudo aqui jaz perpétuo,
extinto, como os labirintos
sem qualquer importância
dada.
o que dizer aos móveis, às paredes,
à rede na varanda?
que o infinito é a terra
mais estranha?
que a ternura sempre engana
seu itinerário?
o que dizer ao telhado
inerte, me despertando?
ou à cama, me desvencilhando
sempre do mar?
ah, é sempre um desterro ir adiante,
é sempre um desterro morar.
2 comentários:
Um olhar atônito sobre a realidade absurda e uma ausência que faz pensar na vida.
Com essa tua poesia bela e tocante, Vilma, me senti perplexo diante da materialidade do mundo,me senti morrendo.
Abraços.
Estes versos,cheios de significação. me trouxeram um vazio intenso...ou compartilharam do meu vazio imenso..
os últimos versos["ah, é sempre um desterro ir adiante,
é sempre um desterro morar."] mesmo sem espada alguma acertaram-me em um golpe final...
lindo..
abraços!
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