quinta-feira, 12 de abril de 2012

o mais denso dos desejos


O amor que tenho hoje, meu amigo,
é preguiçoso: perdeu a lascívia.
Apenas persegue a ternura
com a mais dura violência.

Não quero ver o seu sexo
buscando abrigo em minhas pernas.
Quero mais a criança inteira
afagando as minhas costas.

A sua criança, morta há muito tempo:
quero ela.E nela desembaraçar-me
dos enleios; atirar-me à sua alma
com o mais denso dos desejos.

8 comentários:

Adriano Alves disse...

Ângela, sempre intensa. Hoje, enquanto aguardo o último adeus, sinto pulsar sobre mim as tuas palavras.

Um abraço.

Lidi disse...

Aero, assim como a nossa amiga Mônica, vejo outro belíssimo livro de poesia sendo escrito. Bjs

m disse...

Tão bonito, Ângela,esse canto de despedida. Bjs

Bípede Falante disse...

profundo amor traz profundo desejo.
beijoss

Unknown disse...

puxa, poemaço este: levitação de nuvens,


abraço

Banho Veneno disse...

sua intensidade é comovente...o amor...o amor, sua porta as vezes para tão distante dos meus dedos e tão próxima dentro de mim.

Sandra disse...

Em meio a um despertar delicado existe em você a urgência dos profundos. É verdadeiramente assim que se deve amar...e felizes daqueles que o sentiram assim..."perseguindo a ternura
com a mais dura violência."
P.S. Eu sabia que você era a mulher para aquele homem que o Mia Couto "descreveu". A cada dia, tenho mais essa certeza.

aeronauta disse...

Sandra, estou, há dias,tentando encontrar o post no qual você fez o comentário e postou seu email. Quero tanto o livro! Mande-me de novo seu email para que eu possa enviar meu endereço! Bjos